Um homem de 41 anos denunciou a própria irmã, de 49, por participação no ato terrorista do último dia 8, em Brasília. As informações são do portal UOL.
O servidor público, que preferiu não ser identificado, relatou que surpreendeu-se ao receber uma chamada de vídeo da familiar naquele dia. A mulher estava no saguão de um dos prédios dos Três Poderes, depredados por vândalos apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A mulher havia viajado de uma cidade na serra do Rio Grande do Sul, onde vive, para participar do ato terrorista, contrariando os ideais da família, que se considera de esquerda e apoia o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
"Ela disse que estava de férias e contou à família que viajou para Brasília a trabalho", lembrou o rapaz. "Fiquei revoltadíssimo."
No dia seguinte, o homem decidiu enviar um e-mail ao Ministério da Justiça relatando a participação da irmã no episódio criminoso.
"Registro minha profunda tristeza por realizar denúncia do gênero contra familiar de primeiro grau. Trata-se de minha irmã", encerrava a mensagem.
O rapaz destacou que ainda não encontrou a irmã desde o ato e que ela sequer sabe que foi denunciada por ele.
Segundo relato do irmão, toda a família se revoltou com a decisão da parente de integrar o grupo golpista. "Familiares a xingaram como se não houvesse amanhã."
O rapaz destacou que a mãe dele e da irmã tem histórico de luta pró-esquerda, que foi herdada por toda da família. "Até minha sobrinha disse estar decepcionadíssima com a atitude da própria mãe", contou.
Como boa parte dos bolsonaristas, a irmã passou os últimos anos defendendo pautas levantadas pelo ex-presidente, como o uso do "kit Covid", a crença de que as eleições foram manipuladas, entre outras.
"Minha irmã era uma pessoa trabalhadora, correta, íntegra. Mas ela se transmutou em 4 anos de uma forma que não a reconheço mais. Não a reconheço como irmã. É outra pessoa: mais endurecida, radical, obtusa", detalhou o rapaz.
O responsável pela denúncia disse não ter conseguido coletar provas, como imagens ou áudios, e teme que a denúncia possa afetar a saúde da mãe. Mesmo assim, garantiu não se arrepender da decisão.
"Como tenho perfil legalista, gostaria que minha irmã fosse de fato presa e indiciada", comentou. "Fiz minha parte e espero que as autoridades façam a parte delas."