MENU

De Olho Alagoas Publicidade 1200x90
25/02/2023 às 23h01min - Atualizada em 25/02/2023 às 23h01min

Sintonia restrita: veja como funciona o moderno centro de inteligência do PCC

Na quarta matéria da série sobre arquivos secretos do PCC, a coluna revela como funciona o braço inteligente da organização

Na Mira - Carlos Carone e Mirelle Pinheiro
https://www.metropoles.com
Arte/Metrópoles
Estratégia, ousadia e muito acesso à informação permeiam um “setor de inteligência” criado pelo Primeiro Comando da Capital (PCC). O grupo funciona como uma ampla rede de criminosos. As grades e os muros de prisões ao redor do país não são suficientes para brecar o fluxo de informações que movimentam as engrenagens da chamada sintonia restrita – o atual cérebro da facção criminosa.
 

Na quarta matéria da série sobre arquivos secretos do PCC, a coluna Na Mira revela como funciona, na prática, o braço inteligente da organização criminosa. A reportagem teve acesso a um extenso relatório técnico elaborado pelo Ministério Público de São Paulo, que detalha a ação dos “intelectuais” do PCC.

A sintonia restrita é uma célula que trata de assuntos extremamente sigilosos e relevantes para a cúpula da facção, formada por membros de extrema confiança do comando e com elevado poder decisório. Todos possuem a mais alta estima de Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, líder máximo do PCC.

Alcance nacional

A sintonia restrita costuma agir alimentando de informações os encarregados de praticar crimes. Seus integrantes têm total liberdade para rodar o Brasil coletando informações. Os criminosos monitoram endereços de autoridades juradas de morte, fazem a vigilância de campo dos alvos, mapeiam os veículos usados pelas vítimas e os lugares mais frequentados, roteirizando a rotina das pessoas marcadas para morrer.

A sintonia restrita tem, ainda, papel fundamental na produção de conhecimento que proteja a fortuna faturada com o tráfico de drogas, a lavagem de capitais e o armazenamento de grandes quantias em dinheiro. Os valores costumam ser armazenados em imóveis preparados para esta finalidade, que contam com cofres em forma de compartimentos secretos onde o dinheiro fica escondido.

Periodicamente, os valores são entregues a “doleiros”, faccionados incumbidos de recepcionar o montante e guardá-lo para a organização criminosa. Para a entrega aos doleiros, os transportadores usam veículos preparados para a entrega, nos quais também há compartimentos secretos para a ocultação do dinheiro transportado.

Rede de comunicação

O relatório narra que, para assegurar o bom andamento dos crimes praticados, outros integrantes do PCC desenvolveram uma sofisticada rede de comunicação, com grande compartimentação das informações e limitação do número de interlocutores. Tal sistema restrito e compartimentado de comunicação pode ser identificado como uma “rede fechada”, da qual participam poucos criminosos.

Para a correta existência da rede fechada, periodicamente diversos celulares eram adquiridos pela facção e distribuídos entre seus integrantes. Uma pessoa específica tinha a atribuição de comprar os celulares e, também, de configurá-los, o que inclui a instalação de aplicativos de mensagens, a inserção de contatos que utilizariam as linhas e a entrega dos telefones aos seus destinatários.

A pessoa com a função de preparar os aparelhos se assegurava de que, em cada rede fechada, somente haveria os contatos dos participantes daquela rede, sem risco de que terceiros interagissem dentro da rede fechada. Os aplicativos de conversa utilizados eram os mais diversos – desde os conhecidos, como o WhatsApp, até aqueles não utilizados pelo público geral, como o Surespot. Vários outros apps eram instalados nos aparelhos e usados pelos criminosos.


Link
Tags »
Notícias Relacionadas »
Comentários »
De Olho Alagoas Publicidade 1200x90