Segundo informações divulgadas pela colunista Bela Megale, na edição desta segunda-feira (6) do jornal O Globo, o ex-ajudante de ordens da Presidência detalhou à PF todo o funcionamento do chamado Gabinete do Ódio, órgão informal que teria sala ao lado de Bolsonaro no Planalto e comandava a propagação de fake news e ataques a adversários e instituições nas redes sociais e grupos de WhatsApp e Telegram.
O detalhamento do Gabinete do Ódio teria sido uma das exigências da PF para fechar o acordo de delação. Cid, por sua vez, estaria contando tudo o que sabe sobre o funcionamento da estrutura, incluindo a relação do grupo com os integrantes da família Bolsonaro.
O grupo era comandado formalmente pelo assessor Tércio Arnaud Tomaz, nomeado por Bolsonaro para cuidar das redes sociais do governo. No entanto, Arnaud obedeceria ordens direta de Carlos Bolsonaro para desencadear memes e fake news para atacar adversários e propagar discurso de ódio, incitando a radicalização da horda bolsonarista.
Arnaud teria passado uma temporada no gabinete de Carlos Bolsonaro no Rio, onde foi treinado e teria traçado as estratégias para implementar o Gabinete do Ódio. Entre 2017 e 2019 ele foi de secretário parlamentar de Jair Bolsonaro na Câmara dos Deputados, quando era chamado pelo chefe de o “rapaz das redes”.
Cid também delatou apoiadores e aliados do ex-presidente que propagavam as informações nos grupos de aplicativos. O objetivo da PF é reunir provas que mostrem o funcionamento do grupo e o envolvimento direto do clã.
Neste domingo (5), Carlos Bolsonaro foi às redes sociais para atacar a delação de Mauro Cid. Em publicação na rede X, antigo Twitter, o vereador divulgou um print de reportagem da revista Veja, que diz que o procurador Carlos Frederico Santos teria considerada a delação de Cid "fraca" e que "denúncia contra Bolsonaro não é eminente".
"O que vale é a narrativa que vamos criar! _ chefe de facção", escreveu Carlos na imagem.
— Carlos Bolsonaro (@CarlosBolsonaro) November 5, 2023