Líder nato, Tomás se posicionou pelo enterro do pai na cidade de Santos, ao lado do ex-governador Mário Covas, avô de Bruno. A família pretendia cremar o prefeito, mas atendeu ao pedido do adolescente. O secretário municipal de Educação, Fernando Padula, conta que foi do garoto a iniciativa de organizar uma despedida com todos os melhores amigos de Bruno. Ele também decidiu levar o cachorro, Volpi, para ver Bruno. “Ao conviver com o Tomás você vai se impactando com as sacadas dele. É muito mais maduro do que a idade dele sugere”, afirmou Padula. O secretário de Educação ainda lembra do respeito que Tomás mostrava pelas pessoas que trabalhavam para a família. Algo que seria outro legado do pai. Padula conta que, em certa ocasião, Bruno contou que o filho estava em Mombaça, cidade a 300 quilômetros de Fortaleza no interior do Ceará. Por lá o garoto ficou por 30 dias, além da admiração pela babá que levou o menino, havia a facilidade de comunicação e simplicidade. “O Tomás se adapta bem onde ele chega”, disse Padula.
Acostumado com os personagens da política paulistana, Tomás tomou para si o desafio de receber quem visitava seu pai no hospital. Os amigos dizem que era incomum ver um garoto tão jovem e ao mesmo tempo bem preparado para o diálogo com autoridades. A maturidade desabrochou precocemente. Na vitória do pai para a Prefeitura, surpreendeu quando chegou a falar para um grupo de tucanos. Tomás afirmou que “em São Paulo radicalismo não tem vez”. O tom do discurso moderado já demonstrava os fundamentos da escola tucana. Na época, em tom de brincadeira e incentivo os amigos diziam que Tomás chegaria a Presidência da República. Assim como o avô e o pai, o garoto gostava da ideia. Mas tudo tem seu tempo e ele declarou que entraria de uma maneira mais orgânica para a política aos 17 ou 18 anos, por meio da juventude tucana.
Tomás era muito próximo ao pai. Era comum vê-lo durante toda a campanha. O secretário de Saúde do município de São Paulo, Edson Aparecido, recorda que no momento que o prefeito Bruno Covas decidiu se mudar para a Prefeitura o Tomás foi junto. “O prefeito atuava de forma muito transparente. E isso gerou algo diferente no menino. Ele curte a política de uma maneira muito especial para a idade dele”. Aparecido diz que nem o Tomás e, possivelmente, nem o Bruno entendem a consistência da iniciação na política do jovem. “Foi algo natural forjado por um político (Bruno) que tinha como valor principal o respeito, especialmente aos adversários”, afirmou o secretário de Saúde.
Além da política, outra grande influência que Tomás absorveu foi a paixão pelo futebol. É uma tradição nacional que a preferência esportiva seja incentivada na educação familiar. Assim aconteceu com o garoto de 15 anos. Tomás via no pai um exemplo e o fanatismo pelo time do Santos foi uma herança evidente. Bruno fez questão de deixar a final da Taça Libertadores da América de 2020 na memória do filho. Eles viajaram para o Rio de Janeiro e assistiram o time do coração jogando no Maracanã. O resultado não foi o pretendido, mas certamente a aventura foi um grande presente para ambos.
Por ocasião do aniversário de Bruno, em 7 de abril, o filho invadiu o Instagram e fez um vídeo de homenagem. Ele parabenizou o pai e disse “Me inspiro muito na pessoa guerreira, batalhadora e inteligente que você é. Pode sempre contar comigo. Eu te amo”. Até o último momento Tomás acreditava que o veredito dos médicos seria derrubado por um milagre. O que não aconteceu. Ele foi ao cortejo que acompanhou o caixão do pai vestido com a camisa dos “tucanáticos” que uniformiza os jovens do PSDB. Mesma roupa que utilizou em todos os momentos de vitória do pai. Ficou reafirmado o maior segredo político de Bruno Covas. Ao fim da campanha para a eleição de 2020 o prefeito agradeceu ao filho pelo apoio e nomeou o herdeiro como a “arma secreta” para enfrentar os adversários.