Uma aluna de um colégio particular de Criciúma, em Santa Catarina, causou revolta ao postar um vídeo nas redes sociais com ofensas racistas contra estudantes de uma escola pública municipal. A filmagem foi feita após um amistoso de vôlei entre as duas instituições e publicada na segunda-feira (11).
Segundo o portal g1, o vídeo chegou às vítimas apenas na noite de quinta-feira (14), por meio de um aplicativo de mensagens. O caso gerou grande indignação, e o pai de um dos alunos ofendidos classificou o episódio como “lamentável, triste e revoltante”.
O vídeo mostrava os estudantes da escola pública comemorando o desempenho no jogo. A aluna do colégio particular filma os jovens e, em seguida, aponta a câmera para si, rindo, enquanto comenta: “Pessoal do amistoso tão [sic] tipo pulando [risos]. Já são preto [sic], ainda ficam fazendo macaquices? Aí não, né? Aí não”. Outra aluna, sentada ao lado dela, também aparece rindo. A situação gerou indignação entre os pais das vítimas, que prometem tomar medidas legais.
A Secretaria de Educação de Criciúma publicou uma nota de repúdio, oferecendo apoio psicológico às famílias e orientando os pais das vítimas a registrarem um boletim de ocorrência. O delegado Fernando Possamai informou ao g1 que instaurará um auto de apuração de ato infracional por injúria racial na segunda-feira (18). “O procedimento terá um prazo de 30 dias para produção de provas”, explicou o delegado.
As famílias das alunas responsáveis pelo vídeo se manifestaram por meio do escritório Becker Advogados Associados, que destacou que as jovens “não devem ser julgadas como adultas” e que estão “trabalhando junto à equipe pedagógica da escola na construção de medidas socioeducativas”. Apesar disso, o episódio reacendeu o debate sobre o racismo estrutural e a necessidade de ações mais efetivas para prevenir situações semelhantes.
O pai do estudante de 15 anos que aparece no vídeo lamentou o ocorrido, apontando que o caso é um reflexo de problemas recorrentes na sociedade. “Isso ainda foi bem aberto. Fora o que a gente vive no cotidiano, que é esse racismo velado e estrutural, indireto”, afirmou.