Integrantes da direção do PL avaliam que a delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro (PL), deverá envolver diretamente não apenas o ex-mandatário neofascista, mas também seus filhos, com destaque para o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).
Dirigentes do partido afirmaram à jornalista Bela Megale, do diário conservador carioca O Globo, que têm informações de interlocutores do militar sobre familiares do ex-presidente citados nos relatos feitos à Polícia Federal (PF). O acordo, no entanto, permanece em sigilo.
O PL teme que a aproximação de Flávio junto ao pai, chegando até mesmo a influenciar em muitas decisões de governo durante a gestão anterior, seja detalhada nos relatos do então ajudante de ordens. Entre outros pontos, o parlamentar interferiu na definição de postos-chave do Judiciário, como nas escolhas de Augusto Aras e de Kassio Nunes Marques para a Procuradoria-Geral da República (PGR) e Supremo Tribunal Federal (STF), respectivamente.
Ainda segundo as apurações, um outro ponto de preocupação dentro do partido é o impacto que a delação do militar poderá ter não apenas sobre Bolsonaro, mas também sobre nomes que o PL planeja lançar nas eleições municipais do próximo ano, como o ex-ministro e general da reserva Walter Braga Netto, cujo sigilo telefônico já foi quebrado pelos investigadores.
Valdemar Costa Neto, presidente do PL, apoia Braga Netto como opção para disputar a prefeitura do Rio de Janeiro, mas as investigações da Operação Perfídia, deflagrada esta semana pela PF e que teve o militar como um dos alvos, colocaram dúvidas sobre a possível candidatura. A pessoas próximas, Netto já teria avisado que não está disposto a concorrer ao cargo, para evitar uma exposição ainda maior de seu nome.
: Jair Bolsonaro nega ter recebido valores de Mauro Cid (Dailymotion)
Jair Bolsonaro nega ter recebido valores de Mauro Cid