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27/08/2023 às 21h56min - Atualizada em 27/08/2023 às 21h56min

Novo coração de Faustão teve recusa de equipe responsável pelo 1º da fila de transplante, diz secretaria

Segundo Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo, oferta da Central de Transplantes do Estado de São Paulo ocorreu depois de a equipe do paciente que estava em primeiro lugar na lista de prioridade recusar o órgão

Daniel Fernandes*da CNN em São Paulo
https://www.cnnbrasil.com.br
Apresentador Fausto Silva, Faustão Reprodução/ Instagram

A Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo afirmou, neste domingo (27), em nota, que a doação de órgão que possibilitou o transplante cardíaco realizado pelo apresentador Fausto Silva nesta tarde ocorreu depois de a equipe do paciente que estava em primeiro lugar na lista de prioridade recusar o órgão.

O hospital Albert Einstein, em São Paulo, recebeu, neste domingo, um coração para transplante e, com isso, Faustão foi operado.

Veja imagens da carreira do Faustão



O hospital informou, em boletim médico, que foi acionado pela Central de Transplantes do Estado de São Paulo na madrugada deste domingo, “quando foi iniciada a avaliação sobre a compatibilidade do órgão, levando em consideração o tipo sanguíneo B”. Segundo o boletim, a cirurgia aconteceu no início da tarde e durou cerca de duas horas e 30 minutos.

De acordo com a secretaria, a seleção gerada para a oferta do coração, feita no sistema informatizado de gerenciamento do sistema estadual de transplantes, trouxe 12 pacientes que atendiam aos requisitos. Destes, quatro estavam priorizados, e Faustão ocupava a segunda posição nesta lista de prioridade.



A equipe responsável pelo transplante do paciente que ocupava a primeira posição na lista decidiu, por motivos não divulgados pela secretaria, recusar o órgão e, assim, a oferta passou para o segundo da lista, Faustão.

Em nota, a Secretaria da Saúde paulista afirmou que o tempo de espera por um transplante de coração para potenciais receptores do grupo sanguíneo B, como no caso de Faustão, é de 1 a 3 meses. “Em casos priorizados este tempo é reduzido devido a eminente condição de morte do potencial receptor”, diz o comunicado.

Ministério da Saúde afirmou, neste domingo, em nota, que Faustão foi “priorizado na fila de espera em razão de seu estado muito grave de saúde”.



Priorizado por causa do estado de saúde

Uma média estimada pelo HCor, hospital em São Paulo referência no tratamento de doenças do coração, aponta que a espera para casos mais graves de insuficiência cardíaca pode demorar de dois a três meses por um coração. Quando o risco é menor, o tempo de espera pode chegar a 18 meses.

Em boletim médico divulgado anteriormente, a equipe do hospital Albert Einstein detalhou um quadro de prioridade de Faustão para o procedimento. O apresentador estava sob cuidados intensivos, fazendo uso de medicamentos para auxílio na força de bombeamento do coração.

Ele também estava sendo submetido a diálise, processo artificial para remover os resíduos e excesso de líquidos do corpo, necessário quando os rins não estão funcionando adequadamente.

“Nesta fila de prioridade, a chance do transplante acontecer mais rapidamente é realmente concreta, visto que os corações oferecidos em doação serão primeiramente direcionados para pacientes em estado mais grave. De qualquer forma, mesmo em prioridade, existe a necessidade de um mínimo de compatibilidade entre doador e receptor, quanto aos aspectos de biotipo físico e algumas provas imunológicas”, explicou o cirurgião cardiovascular Edmo Atique Gabriel.

Segundo o Ministério da Saúde, a lista para transplantes é única e vale tanto para os pacientes do SUS quanto para os da rede privada.

Porém, cada estado ou região organiza a sua própria lista e todas são monitoradas pelo sistema e outros órgãos de controle federais. A fiscalização é feita para que nenhuma pessoa conste em duas listas diferentes e que nenhuma norma legal seja desrespeitada.

De acordo com o hospital, Fausto Silva havia sido incluído na fila única de transplantes do estado de São Paulo, que é regulada pela Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo.

“A lista de espera por um órgão funciona baseada em critérios técnicos, em que tipagem sanguínea, compatibilidade de peso e altura, compatibilidade genética e critérios de gravidade distintos para cada órgão determinam a ordem de pacientes a serem transplantados. Quando os critérios técnicos são semelhantes, a ordem cronológica de cadastro, ou seja, a ordem de chegada, funciona como critério de desempate. Pacientes em estado crítico são atendidos com prioridade, em razão de sua condição clínica”, afirmou o Ministério da Saúde em comunicado.





Em entrevista à CNN neste domingo, o presidente da Associação Brasileira de Transplante de Órgaos (ABTO), o nefrologista Gustavo Fernandes Ferreira, afirmou que o tempo para que Faustão recebesse um coração após ter entrado na fila de espera de transplantes mostra que “os critérios de alocação de órgãos no Brasil funcionaram” 

(veja abaixo a entrevista na íntegra).


Faustão conseguiu rapidamente novo coração? Especialista explica fila de transplantes | CNN 360º

Isto porque, disse ele, no caso do coração, a gravidade do paciente na espera é um dos principais critérios para decisão no direcionamento do órgão.

“Há critérios específicos de alocação de órgãos por gravidade”, disse o presidente da ABTO em entrevista à CNN.

“Demonstra que o sistema brasileira funciona, quando uma pessoa que está efetivamente necessitando, no caso do coração, que tem critérios de priorização no transplante, tenha conseguido chegar a transplantar.”

Critérios

Ferreira explica que os critérios de encaminhamento à fila nacional de transplantes variam de acordo com os órgãos.

Para alguns, como o coração, fígado e pulmão, a gravidade no estado do paciente é um critério de priorização.

Em outros, caso dos rins ou pâncreas, pesa principalmente a compatibilidade entre o doador e o receptor.

“Hoje todo o sistema de transplante é regulado pelo Ministério da Saúde, com uma lista única, em que cada órgão tem os seus próprios critérios de alocação”, disse o médico.

Em nota, o Ministério da Saúde afirmou que a estrutura de transplantes no país é gerenciada pela pasta, “que assegura que cirurgias de alta complexidade sejam realizadas para pacientes da rede pública e privada, em situação de igualdade”.

(Com informações de Carol Raciunas, Juliana Elias, Carolina Figueiredo e Isabelle Saleme)


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