Novos áudios oficiais mostram o coronel Élcio Franco e o ex-major do Exército Ailton Barros conversando sobre como mobilizar 1.500 homens para um golpe de Estado e sobre a resistência do comandante do Exército da ocasião, Freire Gomes, de aderir ao plano. As mensagens de voz teriam sido enviadas depois do resultado das eleições de 2022. A revelação é da CNN, nesta 2ª feira (8.mai.2023)
“Essa enrolação vai continuar acontecendo. O Freire não vai. Você não vai esperar dele que ele tome frente do assunto, mas ele não pode impedir de receber a ordem”, afirma Élcio Franco em uma das gravações. O coronel foi funcionário de confiança do governo de Jair Bolsonaro (PL), número 2 do Ministério da Saúde e assessor da Casa Civil.
O coronel começa, então, a supor o que Gomes poderia dizer para se defender e afirma que comandante estaria com medo das consequências. Parte do diálogo foi publicado na semana passada.
“Ele tá indo para a pior hipótese. E qual é a pior hipótese? Ah, deu tudo errado, o presidente foi preso e ele está sendo chamado a responder. Eu falei, ó, eu, durante o tempo todo [ininteligível] contra o presidente, falei que não, não deveria fazer, que não deveria fazer e pronto, vai pro Tribunal de Nurenberg desse jeito. Depois que ele me deu a ordem por escrito, eu, comandante da Força, tive que cumprir. Essa é a defesa dele, entendeu? Então, sinceramente, é dessa forma que tem que ser visto”.
Em outro trecho da conversa, como já divulgado pelo Poder360, Barros fala em convencer o comandante da Brigada de Operações Especiais de Goiânia a prender o Alexandre de Moraes. “Vamos organizar, desenvolver, instruir e equipar 1.500 homens”, diz. Barros afirma ainda que em 19 de dezembro deveriam ser apresentados os decretos de GLO (Garantia da Lei e da Ordem) para “botar as Forças Armadas para agir”.
Barros foi preso na operação deflagrada na 4ª feira (3.mai.2023) que apura um esquema de fraude em dados de vacinação contra a covid-19. Segundo o inquérito da Polícia Federal (PF), além de Barros, pessoas ainda não identificadas também estariam envolvidas “em tratativas para execução de um golpe de Estado”. Eis a íntegra do documento (522 KB).