Afastado após se ver no epicentro de um escândalo sexual, o padre José Maria dos Santos, 65 anos, registrou um boletim de ocorrência na 1ª Delegacia de Polícia (Asa Sul) sobre o furto de seu aparelho celular. O crime teria ocorrido no último sábado (22/4), data em que o vídeo, que revela cenas de sexo entre o pároco e outro homem, viralizou. As imagens teriam sido gravadas em dezembro do ano passado.
O sacerdote procurou a PCDF, que anotou a ocorrência como difamação, furto de celular e registro não autorizado de intimidade sexual. Na ocasião, o religioso relatou que havia deixado o smartphone no sofá da casa paroquial. Ao retornar, não encontrou mais o celular, que, segundo o pároco, não tinha senha de bloqueio.
José Maria contou aos policiais que, após o furto, o suposto ladrão começou a postar uma série de vídeos eróticos, que tinham o padre como protagonista, no WhatsApp, Facebook e Instagram. Segundo o depoimento do religioso, uma testemunha teria visto um homem entrar na residência do pároco.
Após o vídeo viralizar, o líder religioso foi afastado das funções que ocupava na Paróquia São Camilo de Lellis, na Asa Sul.
O caso
Dois vídeos obtidos pelo Metrópoles mostram o religioso em momentos íntimos que não configuram crime, mas que vão contra os preceitos da Igreja Católica Apostólica Romana. A regra da entidade religiosa prevê que um sacerdote, no ato de seu ordenamento, faça voto de castidade e, a partir daquele momento, deixe de se relacionar sexualmente, seja com homens ou mulheres.
As imagens mostram o padre José Maria sentado em um sofá com outro homem. Em um dos vídeos, o sacerdote recebe sexo oral do rapaz e chega a segurar a cabeça dele. Em outro, o homem está sem calças e senta no colo do padre, que segura na cintura dele e faz movimentos com o quadril.
O padre alterna entre gemidos, sorrisos e expressões de prazer. As imagens foram registradas em dezembro de 2022, como é possível inferir pela reportagem que se ouve ao fundo, sobre a lesão de Gabriel Jesus na Copa do Mundo.
A parede da sala onde o vídeo foi gravado é de tijolos, assim como a da Paróquia São Camilo. Apesar disso, não é possível afirmar que o ato foi cometido nas dependências da igreja.
Procurada, a Arquidiocese de Brasília disse lamentar a situação e informou que “afastou o padre das atividades paroquiais e de outros encargos pastorais” (leia a íntegra da nota no fim desta reportagem).
O padre José Maria faz parte da Ordem dos Ministros dos Enfermos, também conhecidos como Camilianos ou Padres Camilos, por ser um grupo religioso fundado por São Camilo de Lellis. O grupo é voltado para a assistência espiritual e corporal dos doentes.
Ele ingressou na ordem em 1981, após trabalhar como auxiliar de enfermagem no Ceará, na década de 1970.
O Metrópoles foi à paróquia em duas ocasiões e tentou, seguidas vezes, contato com o padre antes de publicar esta reportagem. Na primeira ida, na noite de segunda-feira (24/4), os responsáveis pela igreja que celebravam a missa disseram que José Maria estava em confissão, e que o chamariam para falar com a equipe. Minutos depois, informaram que o sacerdote precisou sair, porque estava “atrasado para celebrar uma missa de sétimo dia”.
Na manhã dessa terça-feira (25/4), as secretárias da paróquia informaram que José Maria estava em atendimento e pediram para a reportagem aguardar. Depois de 20 minutos, elas disseram que o padre tinha um compromisso e não poderia atender. Após insistência, comunicaram que ele iria entrar em contato com a equipe. O espaço segue aberto.
Confira a íntegra da nota da Arquidiocese de Brasília:
“A Arquidiocese de Brasília, na pessoa do cardeal arcebispo Dom Paulo Cezar Costa e dos seus bispos auxiliares, ao tomar conhecimento dos fatos ocorridos na Paróquia São Camilo de Lellis, da Asa Sul, em Brasília-DF, no último dia 22 de abril de 2023, lamenta a situação e dispõe que o padre José Maria dos Santos fique afastado das atividades paroquiais e de outros encargos pastorais da Arquidiocese até que os superiores da Província Camiliana tomem as providências para o devido esclarecimento dos fatos.
Por fim, a Arquidiocese de Brasília reafirma o seu compromisso e zelo para com o Povo de Deus e, neste momento delicado, convida a comunidade paroquial de São Camilo de Lellis a se unir em oração.
Nada mais para o momento.”