Uma das primeiras medidas da CPI, adianta o parlamentar, será o pedido de extradição e consequente convocação de Bolsonaro, caso ele ainda não tenha retornado ao país, para prestar depoimento ao Congresso e ser investigado sobre eventuais vínculos com os criminosos. Não está excluída, aí, um possível pedido de prisão preventiva para que ele não atrapalhe os rumos das investigações.
— É preciso, imediatamente, fazer a extradição do Bolsonaro para o Brasil, para que ele responda por todos os crimes que cometeu, e não apenas com relação às vítimas da covid-19. Em todos os momentos, o Bolsonaro foi esse que está aí: fugiu na hora H, quando estava para se deflagrar a invasão à sede dos Três Poderes — afirmou o senador.
Os deputados federais do PT, Joseildo Ramos, Rogério Correia e Natália Bonavides também coletavam assinaturas para CPI que investigaria invasões em Brasília. São necessários 171 apoiadores para que o pedido de CPI possa ser protocolado na Câmara.
— É preciso apurar os responsáveis pela organização, mobilização, planejamento, financiamento e execução dos atos golpistas além de investigar supostas omissões de autoridades públicas. Não há precedentes em nossa história de um fato tão grave como esse — afirmou Joseildo Ramos, a jornalistas.
O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) também usou as redes sociais, no início desta tarde, para repudiar a participação de parlamentares nos atos terroristas deste domingo. Boulos pediu que o senador bolsonarista Magno Malta (PL-ES) seja investigado e o seu mandato cassado por “convocar golpistas para a invasão”.
Ainda sobre o destino político de Bolsonaro, ministros do STF têm dito a jornalistas, em caráter privado, que os atos de terroristas praticados por bolsonaristas, neste domingo, aumentaram exponencialmente a chance de ele se tornar inelegível.
Três magistrados disseram à mídia conservadora que as invasões aos prédios dos Três Poderes pressionam as mais de 30 ações em curso no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Há, ainda, a possibilidade de o visto de Bolsonaro ser cancelado, caso as regras estipuladas pelos Estados Unidos não sejam cumpridas. A Embaixada norte-americana no Brasil disse à mídia conservadora, nesta manhã, que não comenta sobre o status de vistos, mas é possível que o ex-presidente permaneça na Flórida com o visto do tipo A-1, expresso para representantes de países estrangeiros, o que ele já não é mais.
Como ex-presidente, Bolsonaro mantém o direito assegurado ao passaporte diplomático, mas não está imediatamente claro qual é a validade do visto A-1. A autorização, normalmente, é cancelada quando um chefe de Estado deixa o poder, mas como o ex-presidente desembarcou na antevéspera do fim de seu mandato, é provável que o documento ainda esteja válido. Também não se sabe ao certo por quanto tempo o ex-presidente permanecerá em solo norte-americano.