“Me senti uma idiota com as palavras do general. Estou há 53 dias na porta do quartel e é isto que o senhor tem a dizer?”
Outra, de nome Sheyla Lira, que se diz “patriota, bolsonarista e evangélica”, distinguiu os militares do presidente da República:
“Eu entendi que estamos abandonados! Não pelo nosso presidente, mas pelas forças que um dia juraram proteger essa nação!”
Poucos mantiveram a fé no golpe que impeça a posse de Lula em 1º de janeiro. Um rapaz que se identifica como Léo Nunes escreveu:
“Muita gente criticando aqui e falando abobrinha. Vocês vão quebrar a cara, e vão se impressionar com as Forças Armadas.”
A mensagem de Natal do comandante do Exército deu motivo de sobra para que Bolsonaro abandone o cargo no próximo dia 28, como pretende fazer, e vá se refugiar por um ou dois meses no resort do ex-presidente Donald Trump, na Califórnia.
Serão dois ex-presidentes a lamberem suas feridas – Trump por ter tentado dar um golpe e estimulado uma multidão a invadir o prédio do Congresso americano; Bolsonaro, não reeleito, por ter sonhado com um golpe que se revelou impossível.
Freire Gomes pôs um ponto final no sonho de Bolsonaro sem precisar dizer que o fazia. Como de praxe, exaltou os feitos dos soldados em 2002, a “hierarquia, a disciplina e a coesão” da tropa e agradeceu por “eles viverem para servir ao Exército e ao Brasil”.
Nem uma palavra sobre política capaz de manter aceso o assanhamento dos sublevados. Nem uma palavra que soasse como advertência ao futuro governo. Não faltaram os tradicionais votos de feliz Natal e de bom Ano Novo.
Não cabia ao general responder à pergunta que seu sucessor terá de responder mais dia ou menos dia: os golpistas seguirão acampados à porta de quartéis depois que Lula tomar posse? É um crime que cometem contra a democracia.