O presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) negou nesta terça-feira (11) ter falado sobre ampliação do STF (Supremo Tribunal Federal). Ele alegou que a informação foi inventada pela imprensa. A declaração foi dada em uma breve coletiva no aeroporto de Pelotas, no Rio Grande do Sul.
"Igual à imprensa falou que eu vou passar para mais cinco no Supremo. Eu falei que isso não estava no meu plano de governo. Botaram na minha conta", disse ele. Questionado por um repórter se pretende, de fato, ampliar o STF (Supremo Tribunal Federal), ele respondeu: "Vocês que inventaram isso. Vocês é que digam".
A afirmação de Bolsonaro, porém, contradiz declarações anteriores. Na última semana, ele afirmou em mais de uma oportunidade que poderia avaliar uma proposta de ampliação do STF, embora tenha destacado que não poderia tomar a decisão sozinho.
Confira as declarações anteriores do presidente:
"Isso se discute depois das eleições"
Em uma entrevista à revista Veja, concedida na última terça-feira (4), Bolsonaro foi questionado se faz, realmente, parte dos planos para um futuro governo o aumento no número de vagas do STF. "Já chegou essa proposta para mim e eu falei que só discuto depois das eleições. Eu acho que o Supremo exerce um ativismo judicial que é ruim para o Brasil todo. O próprio Alexandre de Moraes instaura, ignora Ministério Público, ouve, investiga e condena. Nós temos aqui uma pessoa dentro do Supremo que tem todos os sintomas de um ditador", ele respondeu.
Na sexta-feira passada (7), em um almoço com jornalistas Bolsonaro afirmou que não poderia aprovar uma mudança no STF sozinho e que o assunto deveria ser discutido após as eleições:
"Não posso passar [sozinho] para mais cinco [ministros]. Se quiser passar, tem que conversar com o Parlamento. Isso se discute depois das eleições. Essa proposta não é de hoje, há muito tempo outros presidentes pensaram em fazer isso daí".
Em uma entrevista a youtubers no último domingo (9), ao ser questionado sobre a ampliação do STF, o presidente mais uma vez falou sobre já ter recebido propostas sobre o assunto: "O que não falta para mim, quando discuto com pessoas importantes da política, [são] sugestões [...]. Essa sugestão já chegou para mim".
Ele afirmou que a possibilidade poderia ser descartada caso o STF abaixe a temperatura: "Se eu for reeleito e o Supremo baixar um pouco a temperatura... Já temos duas pessoas garantidas lá [Kassio Nunes Marques e André Mendonça], tem mais gente que é simpática à gente [...]. Tem mais duas vagas para o ano que vem, talvez você descarte essa sugestão. Se não for possível descartar, você vê como é que fica", afirmou.
Ele destacou que a aprovação de um projeto nesse sentido não dependeria somente do Planalto: "Você tem que conversar com as duas Casas [sobre] a tramitação de proposta nesse sentido. E está na cara que muita gente do Supremo vai para dentro do Senado [com posicionamento] contrário [à proposta], porque se você aumenta o número de ministros do Supremo, você pulveriza o poder deles, eles passam a ter menos poderes e lógico que não querem isso".
No mesmo dia, depois da entrevista, Bolsonaro recuou e afirmou que não deseja "afrontar ninguém nem apresentar uma proposta que vai deixar chateado outro Poder". E completou: "Essa não é a ideia nossa, mas [após] uma boa conversa com a senhora Rosa Weber, presidente do Supremo Tribunal Federal, eu entendo que a gente sai pacificado".