“Podemos fazer o diabo quando é hora de eleição, mas quando se está no exercício do mandato, temos de nos respeitar, pois fomos eleitos pelo voto direto”.
Rasgou-se a Constituição que garante condições iguais aos candidatos. Rasgou-se a Lei de Responsabilidade Fiscal que antes Dilma havia pedalado timidamente. Rasgou-se a lei que impede o Poder Executivo de fazer certos gastos às vésperas de eleições.
Nunca na história do Brasil democrático uma eleição foi tão escandalosamente comprada pelo governo como está sendo a deste ano. Nunca também a oposição ajudou o governo a comprá-la por medo de perder votos que deverão eleger muitos dos seus.
Por que os demais candidatos a presidente não se reúnem e denunciam publicamente que Bolsonaro está tentando comprar pelo menos sua passagem para o segundo turno, e – quem sabe – sua reeleição? Ora, não podem porque foram cúmplices.
Um país endividado, mais pobre, com inflação, juros e desemprego elevados, baixo crescimento e queda de investimentos é o que emergirá depois de dezembro não importa o presidente que seja eleito. Todos os candidatos sabem disso. E daí?
Danem-se os brasileiros mais pobres que agora sentirão um alívio no bolso e que não fazem a menor ideia do que os aguarda a partir de janeiro próximo. Parte deles ainda dará razão ao que Bolsonaro disse, ou se não disse ainda dirá: “Quem tem fome, tem pressa”.
Talvez seja isto mesmo de que tanto se fala: o golpe de Bolsonaro é a compra das eleições a céu aberto, com o apoio quase unânime dos partidos e sob a indiferença geral. Reclamações, mais tarde, devem ser endereçadas ao novo inquilino do Palácio do Planalto.