O empresário bolsonarista Luciano Hang atacou, no domingo (29/5), a Igreja Católica e o padre Julio Lancellotti, da Pastoral do Povo da Rua de São Paulo, que ajuda pessoas em situação de rua. Em grupo de WhatsApp com outros empresários, Hang disse que padres que auxiliam pessoas pobres estão errados e que a Igreja é “cúmplice das mazelas do PT”.
Hang respondeu: “É da turma do Lula. Hipocrisia pura. Temos que ensinar a pescar, e não dar o peixe. Cada dia que passa é mais malandro vivendo nas costas de quem trabalha”, acrescentando: “Quem defende bandido, bandido é”.
Ao contrário do que insinuou Hang, a reportagem não citou nenhum suposto crime, mas apenas pessoas em situação de rua passando frio na cidade de São Paulo. Na semana anterior, a onda de frio matou pelo menos um homem na rua.
Para Hang, padres envolvidos em obras sociais, como Lancellotti, não estariam do lado certo. “Não podemos dar moleza para essa turma só porque são padres. Ou ficam do lado certo ou devemos cobrar coerência do que eles pregam”, prosseguiu.
O dono das lojas Havan sustentou ainda que a Igreja Católica ajudou o PT e seria “cúmplice” dos governos petistas. “A Igreja Católica é cúmplice das mazelas do PT. Foram os fiadores de tudo o que aconteceu. Não podemos generalizar, mas ajudaram bastante o PT a chegar ao poder.”
Em outro trecho da conversa, Hang se referiu a dom José Gomes, bispo de Chapecó (SC) até 1998. O padre morreu em 2002. “Aqui em Santa Catarina tinha um bispo em Chapecó, dom José, responsável pela Pastoral da Terra e também por todos os petistas que estão incomodando até hoje. Ainda tem uma turma, mas diminui a cada dia. Tem melhorado intensamente.”
Procurado, Luciano Hang não respondeu antes da publicação da reportagem.
(Atualização, às 12h24 de 31 de maio de 2022: Após a publicação da reportagem, Hang entrou em contato com a coluna e afirmou que não é contra a ajuda a pessoas que precisam. Segundo ele, sua “crítica” ao padre Lancelotti é pelo que chamou de “doutrinação comunista”, que, segundo ele, o padre faria. Hang disse que ele próprio, católico, também ajuda obras sociais da Igreja, com doações em dinheiro e em alimentos. “Na semana passada, comprei R$ 10 mil em fichas de cachorros-quentes na festa da igreja de Azambuja”, afirmou, referindo-se à compra que fez na festa da igreja da região catarinense e doou para funcionários da Havan.)
Ele não doou, ele comprou R$ 10 mil em fichas de cachorro-quente, para ajudar a festa da igreja de Azambuja. Os cachorros-quentes foram doados aos colaboradores do Centro Administrativo da Havan.