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28/09/2021 às 21h00min - Atualizada em 28/09/2021 às 21h00min

Depoimento de advogada joga luz sobre obsessão do Planalto por cloroquina

Matheus Pichonelli
https://br.noticias.yahoo.com/
Reprodução
Em um dos mais impactantes depoimentos à CPI da Pandemia até agora, a advogada Bruna Morato, defensora de 12 médicos que acusam a Prevent Senior de usar clientes como “cobaias” e de omitir mortes por covid-19 de seus prontuários, conseguiu lançar luz a um dos grandes mistérios da crise sanitária: a insistência de Jair Bolsonaro em propagar a cura do coronavírus através da cloroquina e da hidroxicloroquina. Isso mesmo após a Organização Mundial da Saúde e governos que levaram a pandemia a sério abandonarem o tratamento em razão não só de sua ineficácia contra o vírus mas também dos riscos de causar efeitos adversos sobre pacientes.
 

A insistência do presidente no tratamento não recomendado pelas principais autoridades sanitárias do Planeta pouco tinha a ver com sua crença em milagres. Tinha a ver com a economia.

O link foi feito pela advogada durante sua fala aos senadores. Segundo Bruna Morato, os integrantes do chamado gabinete paralelo, cuja existência foi apontada pelo ex-ministro Luiz Henrique Mandetta em um dos primeiros depoimentos da comissão, fizeram um “pacto” em torno do medicamento de combate à malária para evitar o lockdown por causa do coronavírus no país. Era do interesse do Ministério da Economia evitar que o comércio e a indústria sofressem impactos com as medidas de isolamento e distanciamento social —boicotadas pelo governo desde o começo da pandemia.

O plano, afirmou a advogada, era fazer com que as pessoas saíssem às ruas sem medo. Para isso, o governo contava com o endosso de médicos, como Anthony Wong, Nise Yamaguchi e Paolo Zanotto. Wong morreu em janeiro deste ano após ser internado com sintomas de covid, mas a causa da morte, de acordo com uma reportagem da revista piauí, foi ocultada.

“A economia não podia parar, e o que eles tinham que fazer era isto: conceder esperança para que as pessoas saíssem às ruas. E essa esperança tinha um nome: hidroxicloroquina”.

A depoente afirmou que a Prevent Senior fez um “pacto” com o governo e o gabinete paralelo em defesa da cloroquina. Em troca a operadora teria recebido respaldo para iniciar um protocolo experimental sem o risco de ser investigada.

O que aconteceu a seguir, ao que tudo indica, foi a transformação dos clientes de hospitais em cobaias de um dos mais desastrosos experimentos médicos da história, como atestam o índice de mortes por covid-19 no país. Confirmada esta hipótese, ganha forma uma possível denúncia de crime contra a humanidade com as digitais de apoiadores e conselheiros, oficiais ou paralelos, do presidente.

Bolsonaro nunca escondeu que sua estratégia era fazer com que o maior número possível de pessoas se contaminasse e criasse anticorpos —segundo ele, esta era a melhor vacina contra a covid. Quem não tinha histórico de atleta como ele, paciência. É a lei dos mais fortes esculpida nas entrelinhas.

O presidente citava seu próprio caso como exemplo a um país que não conta com os serviços de monitoramento médico que cabem a um chefe de Estado.

Cada dia que passa fica mais claro que Bolsonaro agiu como uma versão em verde e amarelo do flautista de Hamelin, que tocou as notas da cloroquina para convencer um país inteiro a sair da toca em direção ao abismo.

A aposta na imunidade de rebanho, mais do que provada, não resolveu a situação nem dos CPFs nem dos CNPJs em risco de morte. Possibilitou apenas a emergência de novas ondas de contaminação, atrasou a solução para uma crise que pedia vacinas, distanciamento, uso de máscaras e testagem em massa e não evitou o agravamento do quadro econômico.

Já são quase 600 mil mortos.


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