O procurador-geral da República, Augusto Aras, afirmou à CNN que não tem alinhamento com o presidente Jair Bolsonaro, mas com a Constituição e que irá se manifestar sobre a conduta de Bolsonaro no inquérito das fake news "dentro do quadrado constitucional". Nesta semana, o presidente passou a ser investigado pelo Supremo Tribunal Federal e o Tribunal Superior Eleitoral por supostamente espalhar fake news sobre as eleições, com uso da máquina pública.
Em visita ao Senado para conquistar votos para sua recondução ao cargo, Aras afirmou à CNN que "nenhum PGR de juízo quer ficar mais do que dois biênios". Ele evitou falar sobre as urnas eletrônicas e respondeu que vai se manifestar "nos autos".
Essa é a terceira vez, nesta semana, que Aras vai ao Senado. Nesta quinta-feira, o procurador-geral esteve nos gabinetes de senadores de esquerda, direita e centro, Weverton Rocha, Eliziane Gama, Rogério Carvalho, Zequinha Marinho e do líder do governo no Congresso, Eduardo Gomes.
Nos corredores do Senado, Aras também recebeu cumprimentos do senador Eduardo Braga e do deputado federal Aécio Neves. O tucano, ex-presidenciável nas eleições de 2014, cujo resultado é questionado por Bolsonaro, abraçou Aras e o prestigiou dizendo que o PGR tem uma "caminhada vitoriosa".
Procurador, o senhor veio pedir voto para sua recondução na PGR?
Vim fazer uma prestação de contas do meu trabalho. Quem julga o PGR é o Senado da República, assim como quem julga o Supremo é o Senado também. São autoridades que estão sob a jurisdição de alguém. Essa instituição é o Senado.
O que o senhor faria diferente em um segundo mandato?
Nenhum PGR de juízo quer ficar mais do que dois biênios. O que vou fazer diferente é dar continuidade às grandes conquistas que nós obtemos.
E sobre as críticas de que o senhor tem alinhamento com o presidente Jair Bolsonaro?
Não existe isso. Existe alinhamento à Constituição permanentemente. Ninguém nunca conseguiu fazer uma acusação que esteja dentro da Constituição. Crítica é quando você fundamenta uma opinião. Opinião sem fundamentação, especialmente sem ser constitucional e legal, não é crítica, é só opinião e o valor que se dá depende de cada um.
Qual a sua opinião sobre os inquéritos contra o presidente Jair Bolsonaro e a divulgação de fake news sobre as urnas?
Isso, eu vou falar nos autos. O Procurador Geral não pode ficar se manifestando.
O senhor acredita que há fraude nas urnas?
É o tipo de resposta que vou ter que fazer no papel, vou ter que fazer isso nos autos. O Ministério Público, o procurador, é importante todo mundo saber, não deve participar da retórica política. O discurso do Ministério Público é jurídico, lógico, formal, constitucional, a luz da Constituição brasileira. Enquanto um parlamentar, um chefe de Poder Executivo tem amplos poderes da retórica política, o espaço do PGR é da Constituição e da lei. É isso que tem que permear toda a atividade, a imparcialidade, tratar dentro do quadrado constitucional.