No palco do penta mundial de 2002 e diante do adversário do ouro olímpico de 2016, o Brasil fez uma partida especial no primeiro tempo e bateu a Alemanha, por 4 a 2, nesta quinta-feira (22), em Yokohama, assumindo a liderança do grupo D da modalidade nas Olimpíadas de 2020.
Richarlison, dono absoluto da festa brasileira, marcou três vezes na partida, que contou ainda com gol de Paulinho, nos acréscimos, para dar números finais ao jogo.
Richarlison combina com o espírito olímpico. Jogador de comportamento irreverente e comemoração peculiar, é, também, alguém que costuma se envolver e pronunciar sobre questões sociais e humanitárias, o que o aproxima do torcedor brasileiro mesmo tendo saído cedo do país, vendido para o Watford da Inglaterra – foram só 91 jogos como profissional no Brasil.
Em Tóquio, pediu a camisa 10, aceitou ser um dos líderes do grupo e afirmou ter o desejo de conhecer a rainha Marta, de quem é fã. Os três gols em Yokohama fortalecem sua biografia
Posicionado por dentro do ataque, dividindo setor com Matheus Cunha, o camisa 10 foi alimentado por Antony e Claudinho, abertos pelas pontas, e por Bruno Guimarães, volante de apoio. Pelas laterais, Dani Alves e Arana completaram a sinfonia ofensiva cujo maestro foi Richarlison.
O primeiro tempo da seleção brasieira foi brilhante em praticamente todos os aspectos, e só não foi perfeito porque Matheus Cunha desperdiçou um pênalti perto do intervalo. O goleiro Müller defendeu e evitou o que seria um 4 a 0 nos 45 minutos iniciais.
Outro aspecto elogiável do time de André Jardine foi a tentativa de manutenção do ritmo na etapa final, mesmo com o placar amplamente favorável. Mas os espaços encontrados nas costas da defesa alemã já não foram tantos, e Müller trabalhou bem quando exigido.
Com tenacidade e resistência, a Alemanha, então, escreveu também a sua história, vendendo caro uma partida que até minutos antes tinha tudo para terminar tranquila.
Amiri, aos 12, diminuiu a contagem no primeiro chute que foi no gol de Santos na etapa final, e esfriou a sensação de que uma goleada histórica poderia acontecer. A atuação brasileira, no entanto, não mudou, continuou ofensiva e objetiva. Até porque, cinco minutos após o gol alemão, Maxi Arnold, experiente meia, foi expulso depois da entrada dura que deu em Dani Alves – ele já tinha cartão amarelo. Apesar de poucos cartões, foi um período do duelo que flertou com a violência.
Jardine lançou para o campo Malcom aos 20, e Paulinho e Reinier aos 29, nas vagas de Claudinho, Antony e Richarlison. Todos jogadores de ataque com a missão de manter a seleção pulsante e ofensiva. Funcionou na frente, mas algo faltou atrás.
Aos 39, Ache marcou, de cabeça, o segundo gol alemão, e transformou os minutos finais em um estranho sufoco. O Brasil, com um a mais, não foi para as cordas, não perdeu o controle do jogo nem a posse maior da bola, continuou entrando na área rival, mas já não podia cogitar um novo vacilo.
Assim, o gol de Paulinho, já nos acréscimos, poderia representar a ratificação de uma goleada, mas significou “apenas” o alívio de uma partida estranhamente fácil e difícil ao mesmo tempo.