O presidente Donald Trump afirmou nesta terça-feira (4) que os Estados Unidos assumirão o controle da Faixa de Gaza, declarando que os palestinos não deveriam ser os responsáveis por reconstruir e ocupar a região. Ele sugeriu que os EUA manteriam uma “posição de posse de longo prazo” no território.
Trump fez essa declaração durante um encontro na Casa Branca com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, o primeiro líder estrangeiro recebido durante o segundo mandato do republicano.
Netanyahu não se pronunciou diretamente sobre o plano de Trump para Gaza, mas reiterou que os objetivos de Israel na área envolvem a libertação de reféns e garantir a segurança do país contra ameaças provenientes da região. O líder israelense tem contra si um mandado de prisão emitido pelo Tribunal de Haia por seus crimes de guerra, entre eles, a utilização da fome do povo palestino como método
Mais cedo, o presidente americano disse que a única opção para os palestinos seria deixar a Faixa de Gaza, uma ideia apoiada pela extrema direita israelense, mas que, segundo analistas, configuraria uma faxina étnica, violando o direito internacional.
Trump sugeriu que a Jordânia e o Egito poderiam acolher os palestinos deslocados, após a destruição da infraestrutura de Gaza devido aos 15 meses de conflito entre Israel e Hamas. “Se encontrarmos a terra certa, ou várias terras, poderíamos construir locais adequados para os palestinos com bons recursos, seria melhor do que voltar para Gaza”, comentou ele aos repórteres no Salão Oval.
Tanto a Jordânia quanto o Egito já se opuseram à ideia, defendendo que os palestinos têm o direito de permanecer em sua terra.
Trump não forneceu detalhes sobre como poderia ser implementado o processo de reassentamento dos palestinos.
Trump, ao lado de Netanyahu, diz que palestinos 'adorariam' sair de Gaza
O conflito entre Israel e Hamas, que foi interrompido em janeiro por um acordo de cessar-fogo, gerou uma crise humanitária na região e resultou em mais de 40 mil mortes. Até o ano passado, os Estados Unidos se opunham ao deslocamento forçado de palestinos, com o então presidente Joe Biden defendendo a criação do Estado da Palestina e a convivência pacífica com Israel.
As declarações de Trump levantam preocupações sobre o deslocamento em massa de palestinos, o que poderia resultar no desaparecimento do grupo na região e enfraquecer a proposta para a criação de um Estado palestino.
Trump discutiu a questão com o rei Abdullah da Jordânia no sábado. Em uma entrevista, o presidente sugeriu que a Jordânia aceitasse palestinos, pois Gaza estava em “uma bagunça”. No entanto, o ministro das Relações Exteriores da Jordânia, Ayman Safadi, reafirmou a posição do país contra a proposta, dizendo: “A Jordânia é para os jordanianos e a Palestina é para os palestinos”.
A ideia de Trump foi elogiada por Bezalel Smotrich, ministro das Finanças de Israel, que defendeu a ideia de ajudar os palestinos a encontrar novos lugares para reconstruir suas vidas, após anos de glorificação do terrorismo. Smotrich, um líder da extrema direita israelense, é a favor da anexação total dos territórios palestinos e da criação de assentamentos israelenses, o que é considerado ilegal pela ONU e pela maior parte da comunidade internacional.
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