A assessoria de comunicação do Ministério Público do Estado de Alagoas divulgou que um dos réus, identificado como soldado Felipe, afirmou ao júri que os policiais teriam colocado Jonas na viatura para simularem uma prisão. O motivo seria para a vítima não ficar na mira de traficantes na Grota do Cigano.
Veja abaixo a reprodução de trecho do depoimento, de acordo com o MP-AL:
"Neste momento, o soldado Felipe está depondo. Ele nega autoria de assassinato e afirma que saíram para um patrulhamento de tráfico de drogas na Grota do Cigano, em um beco onde estaria sendo comercializada a droga. Que a guarnição voltou para a viatura com a vítima, afirmando que ele iria colaborar com a polícia passando informações. O soldado Felipe era o motorista e aguardou o retorno da guarnição na viatura. Ele reafirma que Jonas não foi detido, que foi colocado na viatura para simular prisão e não ficar na mira de outros traficantes, já que ele iria colaborar com a PM e apontar os líderes do tráfico".
Como consta no inquérito da investigação, a esposa de Jonas o procurou na Central de Flagrantes, já que os policiais afirmaram que o levariam para a delegacia, no entanto, as autoridades concluíram que ele nunca foi apresentado na Central. A família ainda peregrinou pelo Hospital Geral do Estado (HGE), pelo Instituto Médico Legal (IML), por Unidades de Pronto Atendimento (UPA) e até pelo presídio, mas nunca obteve informações sobre o paradeiro de Jonas.
O caso teve repercussão, onde a família chegou a realizar manifestações em busca de Justiça. Segundo o advogado Arthur Lira, que representa a família por meio do Centro de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente (Cedeca), a expectativa é que os policiais sejam condenados pelos crimes de sequestro qualificado, tortura, homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver. “Toda instrução processual realizada aponta para a condenação. Tivemos diversas audiências, ouvimos testemunhas de acusação, defesa, interrogatório dos réus, mas, sobretudo, temos as provas técnicas produzidas”, afirma Arthur Lira.
"O primeiro a depor é o sargento conhecido como Pituba. Ele garante ter deixado a vítima nas proximidades do viaduto que dá acesso a Jacarecica. Que teriam deixado a vítima nesse local porque ela temia ser liberada dentro da grota e tido como informante da polícia. O promotor Vilas Boas indagou sobre possível invasão dos policiais à casa da vítima e ele negou. Sobre as questões de todos os rádios terem descarregado ao mesmo tempo, ele explicou que ocorreu no final da tarde e que foram levados para a troca de baterias na unidade. Segundo o policial , as duas guarnições agiram juntas na operação de abordagem, mas teriam se separado depois. Insistindo na pergunta se eles teriam entrado por trás do Motel CQ sabe, o policial confirmou. Sobre fazer o que naquele local, disse que faziam rondas de praxe", reproduziu a assessoria de comunicação do MP-AL.
"O Jonas Seixas já tinha sido preso por tráfico e, segundo os policiais, era homem de liderança do PCC na Grota do Cigano. Ele assegurou o que o sargento Pituba disse. Que passaram por trás do motel em patrulhamento normal, visto que o local é de constantes assaltos. O promotor perguntou se naquela tarde o policial se dirigiu ao antigo BPE para a troca das baterias dos radiocomunicadores, e ele disse que sim. Se ele lembrava se o trânsito estava congestionado, e ele disse não lembrar. O referido soldado dirigia a viatura da Tática II. Enquanto o sargento Pituba estava na Tática I. O promotor Vilas Boas reportou as perguntas sobre terem entrado numa mata atrás do motel, e ele disse que não se trata de local de mata, mas de um conjunto residencial".
"Sobre os HTs (rádios) desligados, o soldado disse que existem áreas em que não há sinal e que a troca das baterias se deu porque já estariam prestes a descarregar e precisariam garantir carga para continuar os patrulhamentos".