A propriedade de 1.100 m² foi adquirida em 2021 por R$ 6,1 milhões, com um pagamento inicial de R$ 2,9 milhões, supostamente provenientes da venda de um apartamento na Barra da Tijuca. O restante foi financiado pelo Banco de Brasília (BRB), com um prazo inicial de 30 anos.
O filho “01” do ex-presidente saldou a dívida em 37 meses, realizando seis pagamentos extras que variaram entre R$ 198 mil e R$ 997 mil, totalizando R$ 3,4 milhões. O último pagamento foi efetuado em março deste ano. A mansão conta com piscina, jardim planejado, academia, espaço gourmet e cinco suítes.
“A quitação da dívida com o BRB só comprova que o banco não me emprestou dinheiro por causa de meus olhos verdes, mas sim porque eu tinha capacidade de honrar com os pagamentos. Além da atividade parlamentar, sou empresário e advogado. Para a decepção de quem torce contra, todos os recursos, como sempre, são lícitos e fruto do suor de meu trabalho”, afirmou Flávio ao afirmar que o dinheiro tem origem lícita.
O BRB, em nota, disse que não comenta casos específicos de clientes devido ao sigilo bancário, mas ressaltou que segue os procedimentos previstos na regulamentação relativa a controles internos, gestão de riscos e prevenção à lavagem de dinheiro.
As informações foram reveladas em uma ação popular movida pela deputada federal Erika Kokay (PT-DF) contra o BRB e Flávio Bolsonaro, para investigar suspeitas de favorecimento ao senador na concessão do empréstimo. Kokay pretende levar o caso ao Ministério Público para investigar as circunstâncias da quitação do imóvel.
O financiamento foi amortizado em cinco vezes antes do pagamento final: em 8 de novembro de 2022 (R$ 697.627,32), 21 de novembro de 2022 (R$ 696.502,07), 17 de janeiro de 2023 (R$ 996.819,14), 4 de agosto de 2023 (R$ 249.706,32) e 20 de setembro de 2023 (R$ 198.621,32). Durante esse período, Flávio pagou 37 prestações mensais.
Nas eleições de 2018, Flávio declarou ao TSE um patrimônio de R$ 1,74 milhão. Em 2020, suas declarações de Imposto de Renda indicaram um patrimônio de R$ 1,41 milhão. Inicialmente, ele alegou que seus negócios como empresário possibilitaram a compra da mansão.
O senador era dono de uma franquia de chocolates Kopenhagen, mas vendeu a loja em 2021 após acusações de que o empreendimento era usado para lavagem de dinheiro proveniente da prática de “rachadinha”. Atualmente, ele é sócio de uma corretora de seguros.
O “01” também afirmou que usou a renda de seu trabalho como advogado para viabilizar o financiamento. No entanto, sua declaração de Imposto de Renda de 2020 não apresenta recebimentos além de seu salário de senador, de R$ 39,2 mil mensais. Sua esposa, a psicóloga Fernanda Bolsonaro, declarou um patrimônio de R$ 3 milhões em 2020, mas teve uma renda de menos de R$ 13 mil em 2019.