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06/04/2024 às 20h01min - Atualizada em 06/04/2024 às 20h01min

Quem foi Ziraldo, um dos maiores desenhistas de todos os tempos no Brasil e que morre aos 91 anos

O pai de “O Menino Maluquinho” faleceu em casa, enquanto dormia, na zona sul do Rio de Janeiro; Relembre sua vida e obra

Por Raphael Sanz
https://revistaforum.com.br
Ziraldo Alves Pinto, o pai de "O Menino Maluquinho". Créditos: Marcelo Correa/ Divulgação

Neste sábado (6), os meninos (e meninas) maluquinhos de todo o Brasil choram a morte do desenhista Ziraldo Alves Pinto. O criador de “O Menino Maluquinho” faleceu aos 91 anos em casa, num apartamento na Lagoa, zona sul do Rio de Janeiro. Segundo a assessoria do cartunista, ele morreu dormindo perto das 15h.

Ziraldo foi cartunista, jornalista, escritor e um dos maiores nomes da história da literatura infantil brasileira. Nascido em Caratinga, Minas Gerais, em 24 de outubro de 1932, teve seu talento reconhecido desde criança com o primeiro desenho publicado aos 6 anos de idade no jornal Folha de Minas.

Mais tarde, em 1957, se formaria em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais. Sua carreira no jornalismo, no entanto, começou anos antes, em 1954, quando teve sua primeira coluna de humor na Folha da Manhã, atual Folha de S. Paulo. Depois de formado conquistou seu destaque nacional trabalhando para a revista O Cruzeiro a partir de 1957 e para o Jornal do Brasil a partir de 1963.

À época, seus principais personagens eram “Jeremias, o bom” e “a Supermamãe e o Mirinho”. Com eles conquistou leitores.

Nesse meio tempo publicou em 1960 a Turma do Pererê, a primeira revista em quadrinhos brasileira com apenas um autor. E o trabalho, sendo um sucesso de vendas, incomodou os donos do poder e foi cancelado em 1964 logo após o início da ditadura militar. Não por acaso, ao longo do regime Ziraldo se destacou como um dos seus mais bem humorados críticos.

Durante o período teve obras publicadas pela Editora Abril e foi um dos fundadores do jornal “O Pasquim, tabloide”, que fazia oposição ao regime civil-militar. Foi por conta disso que logo depois do AI-5, em 1968, ele foi preso. Ziraldo foi militante do PCB (Partido Comunista Brasileiro) e sempre se identificou como uma figura de esquerda. A partir de 2005 esteve filiado ao Psol e apoiou a eleição de Lula (PT) em diversas ocasiões, como em 2022.

Em abril de 2008 ele e outros 20 jornalistas presos e perseguidos pela ditadura tiveram seus processos de anistia aprovados pela Comissão de Anistia do Ministério da Justiça. Ele recebeu R$ 1 milhão de indenização e pensão vitalícia de R$ 4,3 mil.

Sua obra mais famosa, “O Menino Maluquinho”, nasceria já no final do regime, em 1980, com a publicação do primeiro livro sobre o personagem. Não é nem preciso dizer que foi um sucesso editorial e de vendas, pois anos mais tarde a obra foi adaptada para a televisão e o cinema (a partir de 1995).

Na TV, foi representado pela série da TV Brasil chamada “Um menino muito maluquinho”, que teve uma temporada com 26 episódios em 2006 - com direção de Anna Muylaert e Cao Hamburguer. No cinema, foram três filmes lançados: “Menino Maluquinho – o Filme” (1995), “Menino Maluquinho 2 – A Aventura” (1998) e “Uma Professora Muito Maluquinha” (2010).

Nas últimas décadas Ziraldo continuou ativo, colaborando com diversas publicações nacionais e internacionais. A “Revista Bundas”, que fazia uma sátira com a revista “Caras”, marcou seu bom humor em 1999. Depois disso, participou da “Oficina de Texto”, onde ilustrava histórias escritas por alunos de escolas brasileiras. Em 2016 recebeu a Medalha de Honra da Universidade Federal de Minas Gerais.

Nos últimos anos ele esteve com a saúde debilitada. Entre 2018 e 2022 sofreu três AVCs e uma notícia estabanada de que teria morrido, em 2019. Ele mesmo veio a público, à época, para desmentir a notícia com todo o seu bom humor. “O Super Vivo Ziraldão”, escreveu na legenda de uma foto postada nas redes sociais.

Ele deixa a esposa Márcia Martins da Silva, os três filhos (Daniela, Antonio e Fabrizia) e uma legião de fãs, além da arte e da cultura brasileira, que também se sentirão órfãs.


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