O ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, comentou, na manhã deste domingo (18), o caso do homem negro que foi preso por policiais da Brigada Militar após ser vítima de agressão em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, no sábado (17).
Em suas redes sociais, o ministro disse que a ocorrência demonstra “a forma como o racismo perverte as instituições e, por consequência, seus agentes”. Ele também cobrou medidas e práticas de governança antirracista para enfrentar essa questão.
“É preciso que as instituições passem a analisar de forma crítica o seu modo de funcionamento e aceitar que em uma sociedade em que o racismo é estrutural, medidas consistentes e constantes no campo da formação e das práticas de governança antirracista devem ser adotadas”, afirmou o ministro.
“Em outras palavras, é preciso aceitar críticas e passar a adotar medidas sérias de combate ao racismo em nível institucional.”
Almeida disse, ainda, que conversou com a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, e que os dois ministérios irão entrar em contato com as autoridades gaúchas para “acompanhar o caso e ajudar na construção de políticas de maior alcance”.
O caso do trabalhador negro, no Rio Grande do Sul, que tendo sido vítima de agressão acabou sendo tratado como criminoso pelos policiais que atenderam a ocorrência, demostra, mais uma vez, a forma como o racismo perverte as instituições e, por consequência, seus agentes.
— Silvio Almeida (@silviolual) February 18, 2024
É…
A CNN entrou em contato com a ministra Anielle Franco e aguarda retorno.
A ação dos policiais, realizada na manhã de sábado, foi gravada por pessoas que testemunharam a agressão sofrida pelo rapaz detido.
Nas imagens é possível ver a vítima, um homem negro, dando explicações a um dos policiais da Brigada Militar que atende a ocorrência. Simultaneamente, outra agente conversa com o suposto agressor, um homem branco sem camisa. A pessoa que filma o vídeo diz que o homem “deu uma facada no pescoço dele”, e que “depois tentou de novo”.
Em determinado momento, a vítima diz que trabalha na região, mas é interrompido pelo homem branco, que diz que ele “não trabalha nada”. Ao tentar responder, o homem negro é agarrado pela camisa por um policial e, momentos depois, pressionado contra um muro.
Apesar da presença de outros três agentes, o suposto agressor sai andando do local enquanto os policiais imobilizam o homem ferido e o algemam, sob protestos de pessoas que presenciaram a ação.
Veja o vídeo:
Acabei de presenciar no bairro Rio Branco tentativa de homicídio e a vítima, um homem negro, foi levado preso. Com a mobilização da população levaram o agressor, um senhor branco junto. A violência da polícia com a vítima foi absurda. pic.twitter.com/4hTvtAG2im
— judz (@nietzsche4speed) February 17, 2024
— judz (@nietzsche4speed) February 17, 2024
Uma testemunha ouvida pela CNN disse que a polícia tratou o homem negro de forma truculenta e teve como uma conduta “cordial e educada” dispensada ao suposto agressor.
“Chegou a polícia uns 10 minutos depois, e fez a abordagem na vítima. Acabou levando ela à força, no camburão na parte de trás”, relatou. “O agressor não foi incomodado, subiu, largou a faca em casa, trocou de roupa.”
O governador Eduardo Leite (PSDB-RS) determinou, ainda no sábado, a abertura de uma investigação de sindicância para apurar a abordagem realizada pela Brigada Militar contra o homem. A informação foi publicada nas redes sociais do tucano.
Sobre a prisão de um homem negro que seria vítima de tentativa de homicídio em POA, determinamos via Corregedoria da @brigadamilitar_ a abertura de sindicância para ouvir imediatamente testemunhas e apurar as circunstâncias da ocorrência, com a mais absoluta celeridade.
— Eduardo Leite (@EduardoLeite_) February 17, 2024
Em outra postagem, Leite diz confiar na Brigada Militar e que, em respeito “aos dedicados profissionais que as integram”, a investigação será “célere e rigorosa”.
A CNN procurou a Brigada Militar para entender a opção feita pelos agentes públicos e aguarda uma resposta. A Polícia Civil do Rio Grande do Sul também não se manifestou.