As revelações trazidas pela Operação Vigilância Permanente, levada a cabo pela Polícia Federal na quinta-feira (25) e que mostraram o uso da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para fins escusos e privados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), vêm desnudando várias questões relacionadas ao antigo governo federal de extrema direita.
Horas após o cumprimento dos mandados de busca e apreensão contra o ex-chefe do órgão, o hoje deputado Alexandre Ramagem (PL), a informação que vazou foi a de que a promotora que comandou a força-tarefa de investigação do assassinato da ex-vereadora Marielle Franco, Simone Sibilio, tinha sido espionada com o aparato criminoso montado no Palácio do Planalto. Só que a coisa vai além.
No mesmo período, a integrante do Ministério Público do Rio de Janeiro foi responsável por investigações contra os grupos milicianos que atuam no Rio de Janeiro. Ou seja, ela tinha atuação contra essas organizações criminosas profundamente alinhadas ao bolsonarismo.
Vários casos estiveram nas mãos de Simone Sibilio. A Operação Intocáveis, a maior iniciativa até hoje realizada contra os chefes das de Rio das Pedras e da Muzema, na Zona Oeste da capital fluminense, foi uma delas. Adriano da Nóbrega, matador miliciano muito próximo à família Bolsonaro, foi um dos indiciados ao fim do inquérito.
E por falar de Adriano da Nóbrega, assassino profissional homenageado por Jair Bolsonaro e por um de seus filhos, uma outra organização investigada pela promotora bisbilhotada pela Abin é o chamado Escritório do Crime, liderado por este criminoso.
Os múltiplos homicídios relacionados a uma outra milícia violentíssima do Rio, liderada por Orlando Curicica, um ex-PM condenado a mais de 25 anos de cadeia, também esteve na mira de Simone Sibilio, além de uma série de outras execuções praticadas naquela região do Rio, relacionados à guerra do jogo do bicho e das máquinas caça-níquel.
Por Henrique Rodrigues