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24/10/2023 às 17h37min - Atualizada em 24/10/2023 às 17h37min

ENGANOSO: Apreensão de R$ 3,2 milhões pela PF em sacos de lixo não tem relação com governo Lula

História por Projeto Comprova - Estadão
https://www.msn.com
Apreensão de R$ 3,2 milhões pela PF em sacos de lixo não tem relação com governo Lula Foto: Arte/Estadão © Fornecido por Estadão

Conteúdo investigadoPublicação nas redes sociais relaciona ação da Polícia Federal (PF), que apreendeu R$ 3,2 milhões dentro de sacos de lixo, e o governo Lula. O vídeo mostra imagens de agentes da corporação com bolos de dinheiro enquanto fazem buscas em um imóvel. “O governo do amor venceu. Não tem dinheiro para fazer nada pelo pobre, mas tem dinheiro para pagar propina”, alega o homem. O post também traz o trecho de uma reportagem sobre a operação exibida no Jornal Hoje, da TV Globo.

Onde foi publicado: Kwai e Instagram.

Conclusão do Comprova: A ação da PF que apreendeu R$ 3,2 milhões armazenados em sacos de lixo, que seriam destinados ao pagamento de propina, não tem relação com o governo Lula (PT), como sugere vídeo que viralizou no Kwai.

A apreensão ocorreu no âmbito de uma investigação que apurava um suposto esquema de corrupção envolvendo a Universidade Estadual de Roraima e a contratação de uma empresa de engenharia. A própria reportagem usada no vídeo traz esse contexto. As notícias que repercutiram a ação, e 
uma nota publicada pela Polícia Federal, não fazem qualquer menção ao governo federal.

Enganoso, para o Comprova, é o conteúdo retirado do contexto original e usado em outro de modo que seu significado sofra alterações; que usa dados imprecisos ou que induz a uma interpretação diferente da intenção de seu autor; conteúdo que confunde, com ou sem a intenção deliberada de causar dano.

Alcance da publicação: O Comprova investiga os conteúdos suspeitos com maior alcance nas redes sociais. Até 24 de outubro, o vídeo publicado no Kwai teve 21,2 mil visualizações, 3,1 mil curtidas e 257 comentários. No Instagram, foram 12,2 mil visualizações e mais de 400 compartilhamentos.

Como verificamos: Em uma busca pelas palavras-chave “apreensão”, “propina” e “R$ 3,2 milhões”, chegamos a notícias publicadas por diversos veículos (G1FolhaUOL) sobre a operação da PF envolvendo a Universidade Estadual de Roraima. Ao identificar a data das publicações, pesquisamos pela edição exibida no mesmo dia pelo Jornal Hoje, da TV Globo, para chegar ao trecho da reportagem usada no vídeo (começa a partir de 49:19).

Solicitamos um posicionamento da Secretaria de Comunicação Social do governo federal, que encaminhou a demanda à Polícia Federal. A corporação enviou uma notícia sobre a operação publicada em seu site. Também buscamos o autor do vídeo em outras redes sociais e enviamos uma mensagem via Kwai.

Operação não tem relação com governo Lula

Em 17 de agosto de 2023, a Polícia Federal apreendeu R$ 3,2 milhões em dinheiro vivo, armazenados em sacos de lixo nos fundos de um imóvel em Boa Vista (RR). A ação investigava um suposto esquema de pagamento de propina envolvendo a Universidade Estadual de Roraima e uma empresa do ramo de engenharia. O montante foi encontrado em pilhas de notas de R$ 100 e de R$ 50, que estavam escondidas na casa do irmão de um empresário que estaria envolvido no caso.

As imagens usadas no vídeo que viralizou no Kwai foram publicadas em diversos veículos de imprensa (TV BandUOL). As reportagens não fazem qualquer menção à participação de Lula ou membros do governo. O trecho da matéria do Jornal Hoje utilizado na montagem cita, inclusive, que os alvos da investigação seriam a instituição de ensino e a empresa de engenharia.

A UERR, por ser uma instituição de ensino estadual, se mantém com recursos que recebe do governo local, ao contrário das universidades federais, que são financiadas diretamente pelo governo federal.

Na época, a universidade se manifestou em nota e informou que “a instituição não recebeu nenhuma comunicação oficial da Polícia Federal ou da Justiça acerca das informações divulgadas, nem foi alvo de qualquer ação em todas as suas unidades administrativas e educacionais, mas adianta estar à disposição para colaborar no que for necessário para que todos os fatos sejam esclarecidos, no intuito de resguardar o interesse público.”

De acordo com a investigação, os R$ 3,2 milhões seriam destinados ao pagamento de propina relacionada a uma licitação, no valor de R$ 16 milhões, que teria como vencedora a empresa suspeita de integrar o esquema.

Em 31 de agosto, na segunda fase da operação que investiga o esquema, a PF cumpriu mandado de busca e apreensão na sede da universidade e em outro endereço de Boa Vista.

O que diz o responsável pela publicação: O Comprova entrou em contato com o responsável pela publicação, mas não obteve resposta.

O que podemos aprender com esta verificação: Uma tática comum entre os agentes de desinformação é o uso de informações verdadeiras junto a alegações que não têm relação com o contexto original. Neste caso, o narrador usa vídeos de uma operação que, de fato, ocorreu, mas associa a ação a uma suposta participação do governo Lula, o que não se sustenta. O corte de vídeo da reportagem do jornal não confirma o que diz o homem que aparece no post. A reportagem menciona o envolvimento de uma universidade estadual e não faz qualquer referência ao governo federal. Ao desconfiar da veracidade de uma informação publicada nas redes sociais, faça uma busca e consulte veículos de comunicação de sua confiança.

Por que investigamos: O Comprova monitora conteúdos suspeitos publicados em redes sociais e aplicativos de mensagem sobre políticas públicas e eleições no âmbito federal e abre investigações para aquelas publicações que obtiveram maior alcance e engajamento. Você também pode sugerir verificações pelo WhatsApp +55 11 97045-4984.

Outras checagens sobre o tema: O governo federal e suas políticas são, constantemente, alvos de desinformação. O Comprova já verificou que Lula não estava bêbado nem agarrou apoiadora como alegam publicações que usam vídeo manipulado; que o governo Lula assinou acordo de cooperação técnica com Autoridade Palestina, não com o Hamas; que Alckmin não sugeriu acabar com Bolsa Família; e que o presidente não instituiu banheiro unissex nas escolas.

 


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