O tema desta 15ª Cúpula foi "BRICS e África: Parceria para o Crescimento Acelerado, Desenvolvimento Sustentável e Multilateralismo Inclusivo", um marco abrangente sob o qual os líderes de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul comprometeram-se a fortalecer ainda mais a cooperação sobre a base de três pilares: político e de segurança; econômico e financeiro; cultural e cooperação entre pessoas.
Uma das principais ênfases desta cúpula foi a promoção da paz, uma ordem internacional mais representativa e justa, sistemas multilaterais reformados, desenvolvimento sustentável e crescimento inclusivo. Os líderes reiteraram seu compromisso com a multilateralidade e com a manutenção da paz e da segurança global.
Além disso, os BRICS destacaram a importância da cooperação econômica e comercial, enfatizando a necessidade de um sistema de comércio justo.
A cúpula também abordou questões críticas, como a proteção do meio ambiente, a luta contra as mudanças climáticas, a promoção da saúde global, a cooperação em pesquisa espacial e o combate ao terrorismo. Os líderes reconheceram a importância da inclusão de países em desenvolvimento na tomada de decisões globais e tomaram a decisão madura de expandir o BRICS.
Com a Declaração de Joanesburgo, os BRICS demonstraram mais uma vez seu compromisso com a cooperação global e o desenvolvimento sustentável, destacando a importância de parcerias inclusivas e multilaterais. Esta cúpula foi um marco significativo na busca por um mundo mais equitativo e colaborativo.
A decisão mais importante foi a ampliação do BRICS , a inclusão de Argentina, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Egito, Etiópia e Irã, o que tem várias implicações para a geopolítica global e para os próprios países envolvidos.
Com a ampliação, o BRICS promove a diversificação geográfica e econômica. A inclusão desses países expande significativamente a diversidade geográfica e econômica do grupo. Com a entrada de nações do Oriente Médio/Ásia Ocidental (Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos e Irã), da África (Egito e Etiópia), e da América Latina (Argentina) o BRICS se torna um grupo mais representativo de regiões estratégicas do mundo.
A ampliação do BRICS torna o grupo potencialmente mais forte economicamente, pois os países incorporados representam mercados e economias emergentes, com amplas possibilidades de crescimento, estimulando o desenvolvimento econômico em suas respectivas regiões.
O BRICS ampliado torna-se uma potência energética, com a presença de grandes produtores de petróleo e gás (Arábia Saudita e Irã), minerais (Etiópia) e terras férteis (Etiópia e Argentina). São vantagens que se somam às já existentes dos países membros.
A ampliação do BRICS terá forte impacto na geopolítica e dará mais poder ao grupo na influência sobre as questões globais, além de incidir nas mudanças na arquitetura financeira internacional, com a anunciada criação da moeda do grupo e o papel acrescido do Novo Banco de Desenvolvimento.
As decisões da 15ª Cúpula do BRICS constituem uma importante vitória do Sul Global. A expansão do BRICS fortalece um bloco de países em desenvolvimento que abriga algumas das maiores economias do mundo. Isso desafia a hegemonia econômica ocidental e seu domínio sobre instituições financeiras internacionais. Fortalece-se a tendência, já em curso, de diversificação de parcerias comerciais, fomenta-se o desenvolvimento dos países emergentes, com a ação do Banco do Brics e aumenta a capacidade dos países emergentes nos esforços para reformar as instituições internacionais e até mesmo criar novas, no quadro da construção de uma nova ordem econômica internacional e de uma nova governança global.
Tudo isso significa, mais um passo para a consolidação do mundo multipolar, o que contrasta com os interesses do imperialismo estadunidense em seu afã de restaurar sua hegemonia exclusiva.
O jornalismo "profissional" dá as costas a tudo isso. No afã de servir aos interesses do imperialismo norte-americano, cria mitos para desqualificar os êxitos alcançados pelo BRICS. Traidor dos interesses nacionais, este jornalismo de fancaria, que vive a estipêndio de monopólios do capital financeiro, esconde da opinião pública as vantagens do novo BRICS para o desenvolvimento nacional. Um dos mitos criados à guisa de pretextos para anular o papel do BRICS é o suposto déficit "democrático", alegando que com a nova composição o grupo passa a ter uma maioria de países contrários à "democracia liberal", insistindo na tese inconsistente de Joe Biden de que a disjuntiva do mundo atual situa-se entre a "democracia" e o "autoritarismo".
Os porta-vozes dessa visão batem agora na tecla da "cláusula democrática", um falso aperfeiçoamento institucional, porquanto está distante da tarefa central do BRICS - a cooperação para o desenvolvimento compartilhado - que independe de sistemas políticos e orientações ideológicas. Outro mito reside na crítica à suposta mudança de eixo das alianças da política externa brasileira. Segundo essa visão, o Brasil não deveria separar-se da hegemonia dos Estados Unidos para se submeter à hegemonia chinesa. Uma visão anacrônica, desligada da realidade. O BRICS não é o instrumento da China para o exercício da hegemonia, mas um dos cenários em que se exercita a cooperação entre países em desenvolvimento. A propósito, disse o presidente Xi, que a China foi, é e sempre será um país em desenvolvimento. É com eles, portanto, que ela deve estar. O Brasil também.