Em depoimento chocante e revoltante de quase 10 minutos, a mulher de 49 anos que foi vítima de espancamento, estupro e roubo na última segunda-feira, 21, detalhou, em vídeo postado nas redes sociais, a ação cruel do homem de 22 anos em Palmeira dos Índios. O testemunho da vítima é muito forte e o TNH1 optou por não exibir o vídeo em que ela aparece bastante machucada e exposta sob cuidados médicos.
O crime aconteceu no período da tarde de segunda-feira, na residência das vítimas, no Sítio Braúnas, próximo à Fazenda Canto, zona rural do município no Agreste de Alagoas. O homem está preso desde a terça-feira, 22.
"Muito difícil. Eu estava dando papinha para a bebê. Na cozinha, me deparo com ele já em pé, não dentro de casa, mas fora, porque a porta estava aberta. Ele pediu um copo d'água, eu dei. Ele não satisfeito me pediu mais outro, eu dei. Perguntei onde ele morava, de onde ele vinha. Ele respondeu que estava em um bar. Observei que ele estava com o pé machucado. Perguntei se ele estava machucado. Ele disse que sim, que os camaradas o deixaram aqui e ele precisava de ajuda para ligar para a mãe dele e pedir que um mototaxista o levasse", disse a vítima.
Segundo a Polícia Civil, o suspeito foi visto antes dos crimes ingerindo bebida alcoólica com amigos em um bar da região. As investigações apontam que o homem passou a noite bebendo e continuou, pela manhã, em companhia de um grupo de colegas, terminando a farra em um bar perto da casa das vítimas. Parte do grupo foi embora por volta do meio-dia de segunda-feira. Um deles, como estava muito embriagado, dormiu no bar, enquanto o acusado saiu sem pagar a conta, entrando em um matagal e chegando à casa da mulher, que fica a cerca de 200 metros do estabelecimento.
"Como sou evangélica, eu disse: 'Olha, Jesus te ama. Grande foi o livramento que Deus deu a você'. Diante da forma que vi o pé machucado. Foi aí que ele pediu ajuda, perguntou se eu tinha um celular para ligar para a mãe dele".
A mulher então pediu para que o homem fosse até a porta da frente, onde o sinal do celular funciona melhor. "Ele foi. Eu pedi o número, liguei e entreguei a ele. Escutei a voz de uma mulher, se era a mãe dele, eu não sei".
Após receber o aparelho, o suspeito falou ao telefone, pediu para a outra pessoa na linha enviasse um mototaxista até aquele local, que os amigos haviam o deixado ali após 'algo dar errado'.
"Quando ele desligou o celular, me devolveu e eu disse pra ele esperar na cancela. Foi aí que ele andou alguns passos e perguntou se tinha algo para comer. Eu fui ver se tinha um pão e voltei para dentro de casa. Ele disse que ia ficar ali. No que eu entrei, virei as costas para vê-lo, eu não tinha chegado nem na cozinha, aí ele já estava entrando na minha porta", detalhou a vítima.
Situação aterrorizante - A partir deste momento, o homem passa a executar os crimes de violência contra a mulher e a neném de apenas sete meses de idade.
"Fui com tudo fechar a porta, mas não adiantou, ele é homem, eu estava com a bebê. Ele entrou com tudo, eu gritava, gritava e gritava. Ele me derrubou no chão da cozinha, eu gritava e pedia: 'Jesus, me ajude'. No que ele gritava, começou a me espancar com pancadas na minha cabeça contra o batente. Ele tentou me matar enquanto eu gritava, ele tentou me enforcar. Essa mão dele foi me enforcando e eu com a bebê no chão, nos movimentos que eu tentava fazer para ele sair de cima de mim, ele batia não só em mim, mas na bebê também".
Além de cuidar da bebê, que é sua sobrinha, a vítima está em processo de recuperação pós-cirúrgica de uma mastectomia (retirada da mama), por conta de um câncer .
"Ele continuou me enforcando até que perdi os sentidos. Quando fui acordar, eu já estava numa poça de sangue em cima da minha cama. Vi minha calcinha na cozinha, então percebi que ele me estuprou, me violentou. A última gota de força que eu tinha, peguei a bebê e fui pedir ajuda na cancela", recordou.
Tanto a mulher como a sobrinha foram levadas, inicialmente, para uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), em Palmeira dos Índios, e depois transferidas para o Hospital de Emergência do Agreste, em Arapiraca.
Homem vai continuar preso - A audiência de custódia do homem de 22 anos foi realizada nesta quarta-feira, 23, em Palmeira dos Índios. Na audiência, a Justiça manteve a legalidade da prisão em flagrante e decretou a prisão preventiva do suspeito.
No hospital, a mulher reconheceu o acusado por meio de fotografias. O homem está preso no Centro Integrado de Segurança Pública (CISP) de Palmeira dos Índios e será encaminhado ao Sistema Prisional.
Investigação em andamento - O caso está sendo investigado pela 5ª Delegacia Regional de Polícia de Palmeira dos Índios. Os agentes encontraram o homem na casa da atual companheira e recuperaram o celular da vítima, que estava escondido embaixo da casa em um quarto da residência.
"Acredito que ele achou que estava morta, porque o estrangulamento foi muito forte. Eu tive um apagão e estava toda ensanguentada. Tinha muito sangue. A criança, quando acordei, estava com lesões no olho e na cabeça com sangue, então ele a machucou também. Uma violência sem precedentes, muito forte. Nunca vi esse homem na minha vida. Nunca tive contato com ele", afirmou a vítima em vídeo.
Ela disse ainda que ao sair de casa, no momento de desespero, chegou a ver uma outra pessoa próximo à cancela. "Quando abri a porta, olhei na cancela e vi uma pessoa com camisa azul, capacete. Quando ele me viu, que eu saí, ligou a moto e foi embora. Era longe, não dava para ver em detalhes. Só me lembro que ele estava de camisa azul. Quando abri a porta, ele ligou a moto e saiu com tudo".
A vítima está sendo medicada e acompanhada por uma equipe médica no Hospital de Emergência do Agreste. Ela pediu por justiça.
"Eu peço que primeiramente a Justiça seja feita, porque é um acontecimento que eu jamais imaginava passar na minha vida. Não foi somente comigo, foi com uma bebê de sete meses. Que a Justiça seja feita, que ele pague por aquilo que ele fez. Que ele se arrependa, porque tem que ter arrependimento também. Uma pessoa fazer um negócio desse e não se arrepender, ele já se declara altamente cruel e impiedoso".
Em tratamento, a mulher revelou que está preocupada também que a violência tenha causado consequência em nódulos no pulmão.
"Ontem mesmo tive vômitos de sangue. Fiquei preocupada porque, no meu pulmão, tenho cinco nódulos, que graças a Deus são benignos. Mas a minha preocupação é se alterou isso em mim. É um caso de muita crueldade. Além de eu ser portadora, infelizmente, do câncer. Se tudo isso contribuir para que eu possa ter um quadro, não que eu queira, que pode se agravar no meu caso. E a bebê é inocente, não teve culpa de nada, é pura. Que a Justiça seja feita, pois se esse homem sai de novo, ele volta a fazer de novo", finalizou a vítima em forte depoimento.