O presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, senador Omar Aziz (PSD-AM), reagiu às ameças do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), que insinuou acabar com um dos principais polos de desenvolvimento econômico do Amazonas, a Zona Franca de Manaus.
"O Presidente pode ameaçar a mim, ao Eduardo, mas ao ameaçar a Zona Franca de Manaus o negócio é mais embaixo. É preciso respeitar os amazonenses, porque ele não pode ameaçar algo que é garantido por lei, que assegura o sustento e a vida de tantos amazonenses", escreveu Aziz no Twitter.
Aziz respondia a fala de Bolsonaro, durante live na noite de quinta-feira (20). Após o segundo dia de depoimentos do ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello na CPI da Covid, Bolsonaro falou mal da comissão e ainda sugeriu: "imagine Manaus sem a Zona Franca".
"Foi uma resposta ao que disse Bolsonaro na noite anterior: “Imagine Manaus sem a Zona Franca. Hein, senador Aziz? Você que fala tanto na CPI, senador Eduardo Braga. Imagine aí o Estado, ou Manaus, sem a Zona Franca?”, disse Bolsonaro. Tanto Aziz quando Braga representam o Amazonas no Senado.
A Zona Franca de Manaus é um parque industrial localizado na cidade de Manaus, capital do estado do Amazonas e foi criada com base no decreto-lei 288 de 28 de fevereiro de 1967. O objetivo, segundo decreto, é impulsionar o desenvolvimento econômico da Amazônia. Hoje, abriga centenas de indústrias nos setores de televisão, informática, motocicletas etc.
Bolsonaro chama CPI de "vexame"
Durante a transmissão, Bolsonaro afirmou que a CPI, que investiga as ações do governo federal e o destino dos repasses da união para estados na pandemia, é um "vexame". Além disso, o presidente avaliou o depoimento de Pazuello como "muito bom".
Ele também citou mais uma vez, só que indiretamente, o uso da cloroquina no combate da Covid-19 — o remédio não tem comprovação científica no uso contra o coronavírus e está associado a problemas no coração em pacientes infectados com o vírus.
"O Pazuello foi muito bem, mas a CPI continua sendo um vexame nacional. Não querem investigar o desvio de recurso, não querem falar sobre aquele medicamento que se usa para combater a malária, usei e no dia seguinte e estava bom, não posso falar o nome senão a transmissão cai", disse Bolsonaro, sem citar diretamente a cloroquina.
Após a fala de Bolsonaro, o senador Eduardo Braga também reagiu. Ao blog da jornalista Ana Flor no G1, ele disse que é "muito estranho para alguém que diz defender a Zona Franca, direito constitucional dos Amazonenses que cuidam da maior floresta em pé do mundo”.
Outros parlamentares do Amazonas também reagiram. Nas redes sociais, o vice-presidente da Câmara, Marcelo Ramos (PL) disse que, ao ameaçar a Zona Franca, Bolsonaro não ameaça apenas os senadores da CPI, mas "os empregos de milhares de amazonenses, os negócios das empresas que investem em Manaus, a receita de impostos estaduais que pagam saúde e educação”.