A festa de Corpus Christi na Esplanada dos Ministérios, organizada pela Arquidiocese de Brasília, foi iniciada às 6h, desta quinta-feira (8), com a confecção do tapete colorido com temática religiosa que celebra a data. Pelo 45º ano, o tapete enfeita o gramado para a passagem dos membros da Igreja Católica e fiéis, em procissão com a imagem do Santíssimo Sacramento, após a realização da missa campal.
A Arquidiocese de Brasília estima que a missa deve reunir cerca de 70 mil pessoas na celebração que crê na presença espiritual de Jesus Cristo.
No dia de Corpus Christi, os cristãos comemoram o Mistério da Eucaristia, que é o sacramento do corpo e sangue de Jesus Cristo, representados pelo pão e vinho consagrados. A data recorda a última ceia de Jesus com os 12 apóstolos.
Os quadros do tapete de Corpus Christi são confeccionados no chão pelos fiéis, sobretudo, por grupos de jovens. Em 2023, cerca de 600 voluntários participaram da montagem.
Neste ano, o tapete tem 130 metros de extensão e é composto por 25 imagens, com cerca de 20 m² cada. As imagens foram preenchidas com serragem, palhas de arroz, café, sal e tintas de cinco cores básicas, que vão sendo misturadas pelos voluntários até atingir os tons desejados.
O coordenador do Tapete Corpus Christi na Esplanada, Aloísio Parreiras Rodrigues, que participa das celebrações há 20 anos, explica a logística de preparação do mosaico a céu aberto. “Três meses antes, começamos a trabalhar com as juventudes das paróquias do Distrito Federal. Depois, recebemos as sugestões de desenhos, selecionamos 25 deles e seguimos com a organização para conseguir o material para fazer os tapetes. Finalmente, no dia de Corpus Christi, nos reunimos para montá-los e celebrar, o que chamamos de festa da unidade”.
A odontologista Mariana Ferreira, de 23 anos, é uma das voluntárias na Esplanada dos Ministérios. “Desde o ano passado, eu participo. Eu gosto porque é especial para mim. Contribui muito para minha espiritualidade”.
Durante toda a manhã, os jovens que se revezaram na confecção dos tapetes também fizeram rodas para orar e cantar. O universitário Pedro Farnese Dias, de 19 anos, com seu violão, era um dos animadores do público. “Estamos aqui para servir a comunidade que se desloca para cá e para poder fazer um evento bem bonito para celebrar a Eucaristia”.
O público começou a chegar desde as primeiras horas da manhã à Esplanada. Como a cientista política Andressa Bravim, que levou os filhos Lucca, de 3 anos, e Antonela, de 5 anos, acompanhada do marido. “Hoje é o dia de a gente celebrar publicamente a nossa fé. Viemos comemorar a fé católica e Eucaristia”, disse.
A pensionista Maria Etelvina Távora Correia Silva, de 89 anos, participa das celebrações de Corpus Christi desde os tempos do ex-presidente Juscelino Kubitschek (1931-1976), quando uma procissão fazia o trajeto entre duas igrejas de Brasília. Em 2023, mesmo com dificuldade de locomoção, ela fez questão de acompanhar a movimentação religiosa, em uma cadeira de rodas. “O mundo está precisando de valores como o amor. Devemos esquecer da traição, da ganância e não prejudicar as pessoas”.
Na parte da tarde desta quinta-feira, diversos padres atenderão confissões de fiéis, em uma tenda montada atrás do palco montado na Esplanada, na altura da Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida.
Às 16h, começam os cantos da celebração para animar os fiéis que chegarão à Esplanada.
Às 16h45, todo o clero - sob a liderança do arcebispo de Brasília, cardeal Paulo Cezar Costa – sai em procissão a partir da Catedral, em direção ao palco, onde será celebrada a Santa Missa, a partir de 17h.
A Arquidiocese de Brasília prevê que serão dadas três bênçãos: aos doentes, aos governantes e às famílias.
Após a missa celebrada por Dom Paulo Cezar, uma procissão com a o Santíssimo Sacramento passará pelo tapete colorido e percorrerá o quadrilátero da Esplanada dos Ministérios, dentro do papamóvel, o veículo especial que foi usado pelo papa João Paulo II, em visita a Brasília, em 1980.
O pároco da Catedral de Brasília, Agenor Vieira de Brito, que participará das celebrações de Corpus Christi, ressalta a importância do respeito às manifestações de fé. “Aquelas pessoas que não professam a fé católica, devem ter um olhar ecumênico. Então, mesmo quando não é professado aquele mesmo credo, deve haver respeito. Porque cada um tem sua escolha, cada um com a sua possibilidade, mas sem esquecer que o principal de tudo é o amor, independentemente do caminho que está sendo trilhado”.