A Polícia Federal (PF) do Brasil encontrou "indicações concretas" de que o ex-presidente Jair Bolsonaro manobrou para recuperar um dos três conjuntos de jóias com que foi entretido pela Arábia Saudita, especificamente o avaliado em quase três milhões de euros e que foi retido na alfândega do Aeroporto de Guarulhos.
Entre as provas apontadas pela polícia encontra-se uma carta assinada pelo conselheiro do antigo presidente na altura, o Coronel Mauro Cid, na qual pedia à Receita Federal autorização para que um representante recolhesse as jóias apreendidas, que incluía um ostentatório colar de diamantes.
Nesta carta, o Coronel Cid solicitou a 28 de Dezembro de 2022 que o então Secretário Especial das Finanças, Julio César Vieira Gomes, entregasse os artigos entregues pela Arábia Saudita a Jairo Moreira da Silva, que foi nomeado como representante da Presidência, de acordo com o jornal "O Globo".
Da Silva viajou a 29 de Dezembro de 2022 num avião da força aérea de Brasília para o Aeroporto de Guarulhos em São Paulo, um dia depois de Bolsonaro ter partido para os Estados Unidos. As autoridades fiscais recusaram-se a entregar as jóias, uma vez que as jóias tinham de ser pagas em impostos, uma multa, ou prova de que os bens eram propriedade pública.
Esse conjunto de jóias foi apreendido em Agosto de 2021 a uma comitiva liderada pelo então Ministro das Minas e Energia, Bento Albuquerque. Desde então tem permanecido sob custódia do Tesouro, apesar das tentativas de recuperação, até meados de Março, quando o Tribunal de Contas ordenou a sua entrega e um segundo pacote à polícia.
Contudo, estas não são as únicas caixas de jóias que Bolsonaro recebeu após as suas viagens oficiais à Arábia Saudita. Esta semana, verificou-se que em Outubro de 2019 lhe foi entregue outra caixa com um conteúdo avaliado em cerca de 89.000 euros. No total, recebeu presentes das autoridades sauditas no valor de mais de 3,2 milhões de euros, assim como um conjunto de armas dos Emirados Árabes Unidos.
Bolsonaro garantiu que "não há nada a esconder" e que comparecerá perante a polícia, um encontro que poderá ter lugar na próxima semana. Enquanto aguarda o seu testemunho, o ex-presidente poderá ser acusado de desvio de fundos e favoritismo, se houver suspeitas de que os presentes foram em troca de algum tipo de consideração, podendo por isso ser desqualificado para concorrer nas próximas eleições.
Fonte: (EUROPA PRESS)