O dólar fechou em queda de 0,17%, para R$ 5,2241, nesta terça-feira (11), em dia de fraqueza da moeda norte-americana no exterior por leituras de que mais inflação nos Estados Unidos deve corroer o valor do ativo. Este é o menor valor de fechamento desde o dia 14 de janeiro, quando o dólar era negociado a R$ 5,212.
Na B3, o Ibovespa subiu e alcançou o maior valor de fechamento desde o dia 14 de janeiro. O índice avançou 0,87%, para 122.964 pontos.
A alta do Ibovespa foi puxada por uma valorização de 3,32% da Vale (VALE3) depois que os futuros do vergalhão de aço na China fecharam em máximas recorde, chegando a subir até 6,7%.
O mercado também reagia ao resultado do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para abril, que ficou em 0,31%. Em 12 meses, alta é de 6,76%, acima da meta.
Investidores também digeriam a ata do Copom. Os membros do Comitê avaliaram que levar a taxa Selic, sem interrupção, até o nível considerado neutro levaria a inflação "consideravelmente" abaixo da meta.
Na reunião, o Copom decidiu por uma alta de 0,75 ponto percentual da Selic, para 3,5%, e sinalizou a intenção de fazer um novo aperto da mesma magnitude em junho, "caso não haja mudança nos condicionantes de inflação".
"O Copom reafirmou que essa visão para as próximas reuniões pode ser alterada caso haja mudança nas projeções de inflação ou no balanço de riscos, uma vez que a decisão continuará dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos, e das projeções e expectativas de inflação", disse o colegiado na ata.
Globalmente, o pregão era de queda nos principais mercados, com ações de tecnologia performando mal após mudanças na percepção da trajetória dos juros. Dados de inflação dos Estados Unidos nesta semana podem ter impacto no comportamento global da divisa norte-americana.
O índice S&P 500 fechou em baixa nesta terça-feira, com o aumento dos preços das commodities e a escassez de mão de obra gerando temores de que elevações de preços no curto prazo possam se transformar em inflação de longo prazo, apesar das garantias do banco central norte-americano de que isso não acontecerá.
Embora todos os três índices tenham reduzido a perdas, as vendas foram uniformemente distribuídas pelos setores.
O índice Dow Jones teve queda de 1,36%, aos 34.269 pontos, o S&P 500 recuou 0,87%, aos 4.152 pontos, e o Nasdaq desvalorizou-se 0,09%, aos 13.389 pontos.
"Vimos um aumento nos preços das commodities, os dados econômicos têm sido bastante fortes e a alta das taxas realmente pressionou o complexo de tecnologia", disse Dan Eye, chefe de alocação de ativos e de pesquisa para o mercado de ações do Fort Pitt Capital Group.
As bolsas europeias caíram de máximas históricas nesta terça-feira, com as ações de viagens, varejo e tecnologia ficando entre as maiores perdedoras depois que preocupações com o aumento da inflação nos Estados Unidos azedaram o apetite por risco global.
O índice FTSEurofirst 300 caiu 1,98%, a 1.680 pontos, enquanto o índice pan-europeu STOXX 600 perdeu 1,97%, a 437 pontos, sua maior queda percentual desde o final de dezembro.
As ações de tecnologia recuaram 2% para seu nível mais baixo em seis semanas, enquanto as mineradoras devolveram parte dos ganhos registrados na sessão anterior.
As bolsas asiáticas fecharam majoritariamente em baixa após uma liquidação de ações de gigantes de tecnologia dos EUA pesar nos mercados de Nova York ontem.
O índice acionário japonês sofreu um tombo de 3,08% em Tóquio hoje, a 28.608,59 pontos, enquanto o Hang Seng caiu 2,03% em Hong Kong, a 28.013,81 pontos, o sul-coreano Kospi recuou 1,23% em Seul, a 3.209,43 pontos, e o Taiex registrou acentuada queda de 3,79% em Taiwan, a 16.583,13 pontos.
Apesar de garantias do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) de que manterá sua postura acomodatícia e dos fracos dados do mercado de trabalho americano da semana passada, investidores voltaram a ponderar as chances de que um forte avanço nos preços force BCs a reverter as agressivas medidas de estímulo monetário que adotaram em reação aos efeitos da pandemia do novo coronavírus, segundo analistas.
"Investidores parecem ter deixado o relatório de emprego (dos EUA) para trás e continuam a focar a narrativa de inflação, com a alta dos preços das commodities e a escassez de semicondutores em jogo", comentou Jun Rong Yeap, estrategista de mercado do IG.
O índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) da China, por exemplo, deu um salto de 6,8% em abril ante igual mês do ano passado, o maior desde outubro de 2017, segundo números divulgados nesta madrugada.
Contrariando a tendência negativa de outras partes da Ásia, no entanto, os mercados chineses tiveram ganhos moderados hoje. O Xangai Composto subiu 0,40%, a 3.441,85 pontos, e o menos abrangente Shenzhen Composto avançou 0,36%, a 2.251,96 pontos.
O predomínio do mau humor na região asiática veio após as bolsas de Nova York fecharem em baixa generalizada ontem, com fortes perdas do Nasdaq, que concentra ações de tecnologia, em meio às renovadas preocupações com a questão da inflação, que também voltaram a impulsionar os juros dos Treasuries.
Na Oceania, a bolsa australiana também ficou no vermelho, após fechar em nível recorde no pregão anterior, o que não acontecia desde o início da pandemia de covid-19. O S&P/ASX 200 caiu 1,06% em Sydney, a 7.097,00 pontos. Há expectativa para a divulgação, ainda nesta terça-feira, do Orçamento da Austrália para o próximo ano fiscal, que se inicia em 1º de julho.
*Com informações da Reuters e do Estadão Contéudo