O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) estaria pronto a deixar os EUA a caminho da Itália, nos próximos dias, diante da inevitável perda do visto diplomático em seu passaporte. Segundo juristas ouvidos pela reportagem do Correio do Braisil, o ex-mandatário precisaria deixar o atual endereço para requerer uma nova permissão para continuar em solo norte-americano.
O ex-presidente, Michelle Bolsonaro e uma filha menor de idade solicitaram celeridade à Embaixada da Itália, em Brasília, para a emissão da cidadania italiana para a família, mas encontra obstáculos nesse sentido, impostos por parlamentares italianos contrários ao abrigo do ex-mandatário neofascista.
O plano de Bolsonaro, conforme apurou o colunista Leandro Mazzini, da revista semanal IstoÉ, consistiria em “se esconder por um tempo nos Estados Unidos para driblar a justiça brasileira, mas corre o risco de o FBI e a Polícia Federal baterem à sua porta e ele voltar algemado para o Brasil mas, se for para Roma a tempo e com cidadania, ele não volta mais”.
Não há uma confirmação formal, ainda, sobre qual visto foi utilizado por Bolsonaro para entrar nos EUA, mas diplomatas ouvidos reservadamente pela mídia conservadora dizem que a entrada com visto diplomático dado a chefes de Estado é o cenário mais provável, uma vez que ele voou de Brasília a Orlando usando um avião oficial da Força Aérea Brasileira (FAB) na condição de presidente.
Portadores de visto oficial que não estejam mais no cargo ou missão que os levou aos Estados Unidos, no entanto, precisam comunicar ao governo norte-americano a alteração do status em até 30 dias. No caso de Bolsonaro, o relógio começou a contar a partir do momento em que ele deixou de ser presidente do Brasil e, portanto, o prazo se encerra no fim deste mês.
Segundo fontes disseram à agência inglesa de notícias Reuters, Bolsonaro teria um visto de turista e a ex-primeira dama Michelle Bolsonaro esteve em dezembro na embaixada dos EUA em Brasília, onde o visto para turismo é concedido. O casal poderia solicitar ao governo norte-americano, assim, a mera troca de status no país. Isso depende de um procedimento feito junto ao Departamento de Segurança Interna dos EUA (DHS, na sigla em inglês). Se fizer o pedido, segundo fontes ouvidas, Bolsonaro poderia aguardar a resposta no país de maneira regular, embora pesem as pressões de parlamentares democratas para que Bolsonaro seja expulso daquele país.
Caso tenha que voltar ao Brasil, às pressas, Bolsonaro precisará enfrentar — de imediato — um ambiente desfavorável junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que julgar ações capazes de deixá-lo inelegível por até uma década. São, ao todo, 16 ações que miram o ex-ocupante do Palácio do Planalto, mas, na avaliação dos magistrados, a mais promissora é a que questiona a reunião de Bolsonaro com embaixadores estrangeiros.
Na ocasião, Bolsonaro fez quase que uma palestra – baseada em informações falsas – para explicar por que o sistema eleitoral brasileiro e as urnas eletrônicas não seriam confiáveis. O entorno de Bolsonaro, ainda segundo apuração da mídia de direita, acredita que ele pode sim ficar inelegível e até mesmo ser preso.