Pelé via o alagoano Dida como uma inspiração. O tempo em que os dois estiveram juntos na Seleção aumentou a admiração do rei do futebol pelo alagoano. Dida já era uma fera, enquanto o Rei era apenas um adolescente. Depois da final, o craque presenteou o ídolo alagoano com a famosa camisa azul. Foi exatamente essa mesma camisa 10 que chegou a Alagoas pelas mãos de Dida. Ela ficou exposta durante dez anos no Museu dos Esportes, localizado justamente no Estádio Rei Pelé.
De 1993 a 2003, a camisa do rei foi a principal peça da coleção do museu Edvaldo Alves Santa Rosa (o Dida), coordenado pelo jornalista e historiador Lauthenay Perdigão (1934-2021), amigo e fã de Dida. No entanto, o museu passou por uma séria crise financeira. Paredes mofadas, goteiras e o risco de perder todo o acervo. Por isso, o historiador colocou a camisa à venda na casa de leilões Christie's, em Londres.
Seu “Lau”, como também era carinhosamente conhecido, pensou, pensou, pensou e teve a solução (que depois se arrependeria) — teria de leiloar a camisa de Pelé da Copa de 1958. Foi leiloada na Inglaterra e tudo indicava que os custos da manutenção seriam sanados com tranquilidade. Ledo engano: não compensou. "Só ficaram R$ 52 mil para a manutenção do museu", lamentou Lauthenay, à época.
Da camisa, então, restou somente uma foto pendurada na parede. Apesar do baixo valor, o jornalista contou com um pouco de sorte. No mesmo leilão, uma camisa de Zagallo também foi colocada à venda por outro colecionador, com valor estimado entre 10 mil libras e 15 mil libras e um par de chuteiras avaliado entre 3 mil libras e 5 mil libras; apesar do valor histórico, os itens não atingiram o preço mínimo e nada foi vendido.