O mestre em Engenharia Mecânica e doutor em Engenharia Elétrica e de Computação pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), Alysson Nascimento de Lucena, desenvolveu um Microveículo Aéreo não Tripulado, chamado Microvant, que pode se comportar como um drone ou como um avião e é capaz de decolar verticalmente, sem precisar de pista.
Este Microvante recebeu o registro de propriedade intelectual definitivo.
As características dão a ele maior tempo de voo do que um drone convencional. O cientista espera que sua invenção beneficie setores como agropecuária e segurança.
Segundo informações da UFNR, a invenção pode ser usada em missões militares, áreas de monitoramento agrícola, reconhecimento de locais de difícil acesso, monitoramento de fronteiras, busca e salvamento em desastres.
A funcionalidade diferenciada do equipamento é alcançada pelo fato de ele possuir tamanho e peso reduzidos. “Porém uma das principais preocupações no projeto foi fazer com que o mesmo possuísse grande autonomia de voo e fosse capaz de levar uma carga para realizar missões autônomas, trazendo informações ao usuário”, pontua Lucena.
O projeto do “Drone-avião” foi desenvolvido no meu mestrado, com a dissertação Desenvolvimento de um veículo aéreo não tripulado com sustentação e propulsão híbrida. Fui orientado pelo professor Raimundo Carlos Silvério Freire Júnior, um dos inventores. Após o mestrado, o sistema autônomo foi melhorado com orientação do professor Luiz Marcos Garcia Gonçalves, nas dependências do laboratório Natalnet, do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica e de Computação da UFRN.
A aeronave é pouco perceptível visualmente devido às suas dimensões reduzidas, o que também facilita a sua camuflagem após o uso. A presente invenção teria vantagem em comparação com os demais Veículos Aéreos Não Tripulados (Vants) em operação em vários aspectos. Um deles é que, pelo mesmo custo de um Vant, pode-se ter uma frota de Microvants varrendo uma área muito maior em uma missão ou operando durante um período de tempo maior
Nesse cenário, surgem as aeronaves genéricas, desenvolvidas para uso em aplicações diversas, como o caso do projeto desenvolvido pelos cientistas da UFRN, com custo de produção e manutenção apresentando-se até irrisório quando comparado ao de outras aeronaves em operação.
A Força Aérea Brasileira (FAB) adquiriu, no ano de 2014, para monitoramento dos estádios da Copa do Mundo FIFA 2014, o modelo Hermes 900, fabricado pela Elbit Systems, cujo contrato custou U$ 8 milhões e são necessárias 10 pessoas para operar todo o sistema. No caso do Microvant patenteado, ele tem o custo dos seus materiais inferior a U$ 500 para uma unidade e uma única pessoa é capaz de operar todo o sistema, da decolagem ao pouso.
“Esse projeto foi uma encomenda Finep. Eles nos propuseram um desafio de fazer um avião com menos de 250 gramas, que conseguisse viajar por ao menos uma hora e cumprisse dez quilômetros de distância. O nosso protótipo final tem cerca de 160 gramas e foi testado aqui em Natal, um lugar com sérias condições de vento, então ele é bem resistente e está pronto para ir em multimissões. Foram 20 protótipos antes de chegarmos a esse resultado”, destaca Luiz Gonçalves.
Este equipamento serve como uma plataforma multimissão que pode ser adaptada para executar várias funções, tudo vai depender do que vamos embarcar: vários tipos de sensores, câmeras de alta resolução ou térmicas, compartimento para cargas especiais como vacinas, por exemplo.
“A nossa solução é muito versátil, pode ser transportada em um carro. Uma única pessoa é capaz de operar todo o sistema, que pode ser usado rapidamente em missões como busca e salvamento, mapeamento de áreas, apoio em desastres naturais, monitoramento de eventos, transporte de insumos de primeiros socorros, pulverização, entre outros”, explica o criador.
O Microvant híbrido se adapta a várias funções e um dos segmentos que avançou mundialmente durante a pandemia foi o de compras on-line, pressionando o sistema logístico. Esse tipo de aeronave pode ser adaptado para transportar uma grande variedade de produtos.
A Lei de Propriedade Industrial (Lei 9.279/96) prevê que um invento será protegido por patente se atender aos requisitos de novidade, atividade inventiva e aplicação industrial.
Em contrapartida ao depósito e consequente concessão, o inventor se obriga a revelar detalhadamente todo o conteúdo técnico da matéria protegida pela patente, o que contribuirá para o desenvolvimento tecnológico mundial, tornando a patente um importante instrumento na divulgação de informação tecnológica e estimulando novos desenvolvimentos científicos.
Podem ser patenteados processos, produtos ou ambos. A patente refere-se a uma única invenção ou a um grupo de invenções interrelacionadas, mas que apresentem um só conceito inventivo.
O tempo médio de análise de patentes atual é de cinco anos, mas pode ser maior ou menor de acordo com o setor.
Dados do próprio Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) referentes ao segundo trimestre de 2022 mostram que, após o pedido de exame, foram necessários em média 6,1 anos para decisões sobre patentes na área de telecomunicações, enquanto na divisão de fármacos o tempo foi de 5,8 anos.