O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, que só será diplomado no dia 12, decidiu anunciar nesta sexta-feira os nomes dos cinco primeiros ministros de seu governo, para permitir que a formatação das medidas e dos programas a serem implementados a partir de 1º de janeiro seja mais célere. Ao anunciar os primeiros integrantes do alto escalão, o presidente eleito contemplará filiados a partidos políticos, dois do PT e um do PSB.
Deverão ser confirmados como titulares da Esplanada o ex-ministro Fernando Haddad (PT), na Fazenda, o governador Rui Costa (PT), na Casa Civil, o senador eleito Flávio Dino (PSB), na Justiça e Segurança Pública, e José Múcio Monteiro, que não tem filiação partidária, na Defesa. O mais cotado para chefiar o Itamaraty é o diplomata Mauro Vieira, ex-chanceler no governo Dilma.
Múcio definiu com Lula ontem os comandantes de Exército, Marinha e Aeronáutica, que também serão conhecidos hoje: o general Julio Cesar de Arruda no Exército; o almirante de esquadra Marcos Sampaio Olsen para a Marinha; e o tenente-brigadeiro do ar Marcelo Kanitz Damasceno na Aeronáutica. Os novos comandantes das Forças Armadas vão substituir o almirante Almir Garnier Santos (Marinha); o brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Júnior (FAB) e general Marcos Antonio Freire Gomes (Exército). Eles tomaram posse em abril de 2021, depois que os antecessores rejeitaram maior alinhamento político ao presidente Jair Bolsonaro e deixaram os cargos.
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A ideia inicial de Lula era anunciar os primeiros ministros somente após a sua diplomação, mas como declarou ontem a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, o presidente eleito preferiu antecipar alguns nomes porque está havendo “muita especulação”. Além disso, o movimento tem por objetivo acelerar o processo de transição em curso.
Os escolhidos são de áreas consideradas sensíveis. Desde a vitória de Lula, a economia vem concentrando as principais conversas da transição. O presidente eleito vem sendo cobrado a expor com mais detalhes qual deve ser a política fiscal de sua gestão, uma vez que ele já declarou pretender substituir o teto de gastos, em vigor atualmente, por outro modelo de controle de gastos públicos. Até aqui, Lula nomeou para o grupo de trabalho da economia dois petistas — Nelson Barbosa e Guilherme Mello — e dois com histórico mais liberal — Pérsio Arida e André Lara Resende.
Enquanto isso, o futuro governo negocia a aprovação no Congresso da PEC da Transição, que pode abrir espaço fiscal para o governo cumprir a promessa de ampliar os programas sociais, e Lula vinha amadurecendo o nome de Haddad para comandar a área. O ex-prefeito de São Paulo trabalhou para reduzir resistências a seu nome no mercado financeiro e ontem teve uma reunião com o atual ministro da Economia, Paulo Guedes.
Em conversa com aliados políticos ontem, Lula confirmou o plano de anunciar seus primeiros auxiliares. Afirmou que Flávio Dino, que assumirá a Justiça, terá a atribuição de cuidar da revisão da legislação pró-armas feita pelo governo Bolsonaro. Comentou também que precisa indicar logo o titular da Casa Civil, para que o novo governo comece a andar. A gestão considerada boa à frente do governo da Bahia pesou a favor de Rui Costa.
Aos aliados, Lula contou também que planeja uma exoneração em massa de funcionários comissionados da gestão federal, como forma de afastar bolsonaristas dos cargos do governo. Ao falar sobre a exoneração de servidores, ele fez a ressalva que eventuais demitidos que ocupem funções técnicas seriam renomeados dias depois.
O presidente eleito fez ainda outras considerações sobre o momento da transição. Ele se queixou do fato de não poder usar a Granja do Torto durante a transição. Também revelou que não pretende se mudar para o Alvorada logo após tomar posse, sugerindo que o local precisará passar por uma varredura após Bolsonaro se mudar.
Em outro sinal de que Mauro Vieira será o chanceler, Lula disse a aliados que o novo titular do Ministério das Relações Exteriores está na Croácia, onde Vieira é o representante diplomático do Brasil.
Em conversa com a imprensa, o coordenador dos grupos de trabalho da transição, Aloizio Mercadante, afirmou que os ministros anunciados vão se manifestar publicamente amanhã mesmo.
— Notícia boa a gente dá aos poucos. A agenda positiva começa a partir de amanhã. A partir de amanhã, os ministros darão coletiva para explicar a estrutura do ministério e as primeiras medidas —disse.