É isso o que acontece no momento. Se vai haver ou não uma escalada da insubordinação, ninguém pode afirmar com segurança. Só depois que Lula for diplomado e tomar posse.
Nunca os militares acolheram manifestantes que pedem um golpe. Nunca os comandantes ameaçaram pedir demissão por se opor ao presidente eleito. É de insubordinação que se trata.
O Alto Comando das Forças Armadas bolsonarizou-se. O atual presidente governa por delegação dos seus antigos pares e, se dependesse somente deles, teria sido reeleito.
O golpe de 64 foi dado sob o pretexto de defender a democracia ameaçada pelo comunismo. Suprimiu-se a democracia por 21 anos. O comunismo, hoje, não existe mais, salvo na China capitalista.
Se houvesse um novo golpe, qual seria o pretexto? Que a previdência especial para os militares será suspensa? Que os mais de 6 mil militares empregados no governo perderão o emprego?
Alegações fisiológicas podem pesar, mas não ser admitidas publicamente. Como justificar um golpe? Por que os militares sempre foram de direita, e Lula e a sua turma de esquerda?
O Centrão, em acelerado processo de entendimento com o novo governo, é de esquerda? Geraldo Alckmin, o vice-presidente, é de esquerda? Simone Tebet (MDB) é? Foram todos abduzidos?
Sem falar do presidente americano, Joe Biden – que, se não vier à posse de Lula, estará pronto para recebê-lo antes disso na Casa Branca, como fez em 2002 o então presidente George Bush.
A revolta dos militares com a eleição de Lula alimenta-se do medo de perder os privilégios adquiridos. De volta ao poder sem disparar tiros, imaginaram ali permanecer por um longo tempo.
Lula e seu ministro da Defesa, José Múcio Monteiro Filho, terão uma parada indigesta pela frente, é verdade. Mas não lhes faltam habilidade e experiência para vencê-la. São bons negociadores.