A diretora da escola onde aconteceu o espancamento de uma aluna de 14 anos, na última terça-feira, 29, declarou, em entrevista ao programa Fique Alerta, da TV Pajuçara/Record TV, que não houve omissão no socorro da jovem por parte da unidade de ensino e que outras filmagens registradas pelas câmeras do prédio estão sendo analisadas para identificar detalhes do que aconteceu. Alyne Christine disse ainda que a escola não tomou atitudes quanto à punição dos envolvidos no caso, pois as imagens divulgadas até o momento não apresentam violência.
Na manhã desta quinta-feira, 1º, a diretora se reuniu com um representante da Comissão dos Direitos da Criança e do Adolescente da OAB, em Alagoas, com um conselheiro tutelar responsável pela área onde está situada a Escola Municipal Professor Antídio Vieira, no Trapiche da Barra, e com familiares de uma das adolescentes envolvidas na briga. A estudante vítima de espancamento, assim como os parentes, não compareceram no encontro e alegaram que um problema dificultou a chegada deles no prédio onde funciona a escola.
Alyne Christine afirmou para a repórter Maria Maciel que o vídeo gravado no ginásio da escola não apresentou "atitudes de violência", e que por isso ainda é cedo para definir medidas disciplinares contra as pessoas envolvidas na briga. "Até então, o vídeo não mostra atitudes de violência. O que mostra são meninas rodeando as duas, uns até queriam puxar uma ou outra para afastar, mas o vídeo tem que ser analisado por pessoas competentes para chegar ao veredito", disse ao destacar também que as filmagens de câmeras da edificação já começaram a ser avaliadas.
"[Na reunião] Ficou esclarecido que não existiu omissão. A escola, na sua condição, fez todos os procedimentos que deveriam ser feitos, como comunicar a família, chamar o socorro, acompanhar e acionar o conselheiro tutelar, para que fosse resolvido da melhor maneira possível. Não existiu omissão em momento nenhum. No vídeo dá pra ver que houve o resgate, e a vice-diretora não deixou ela [vítima] se levantar, porque como levou uma queda, tinha que ficar no seu lugar, quietinha, até chegar o socorro", acrescentou a diretora.
Para Thiago de Oliveira, presidente da Comissão dos Direitos da Criança e do Adolescente da OAB-AL, a reunião teve um papel importante para que tanto os familiares das partes quanto a escola pudessem esclarecer mais sobre o caso. "Em um primeiro momento, a OAB vem buscar esclarecimentos. A gente tem o papel de fiscalizar, mas não só isso, estamos para dar apoio e suporte para as adolescentes. Temos esse papel, essa função, de estar acompanhando, para que o caso seja resolvido da melhor maneira possível, principalmente para as adolescentes", explicou.
O conselheiro tutelar Vinicius Elói disse que as estudantes vão precisar de um suporte psicoterápico. "Nós fomos acionados pela escola e posteriormente pela família para poder atender a adolescente e assim fazer todos os encaminhamentos necessários por parte do Conselho Tutelar. O artigo 98 fala que as medidas de proteção elencadas no artigo 101 podem ser deliberadas a partir do momento em que há ameaça ou violação de direitos. Podemos perceber que ambas as partes vão precisar de um suporte psicoterápico", explicou.
A família da adolescente agredida registrou boletim de ocorrência, nessa quarta-feira, na Delegacia Especializada dos Crimes contra Crianças e Adolescentes (DCCCA). Em seguida, a estudante foi encaminhada ao Instituto Médico Legal para fazer o exame de corpo de delito.
O caso - A mãe de uma adolescente de 14 anos denunciou que a filha foi espancada até desmaiar durante uma aula de Educação Física na Escola Municipal Professor Antídio Vieira, no Trapiche da Barra, em Maceió, nessa terça-feira (29). A estudante precisou ser socorrida pelo Corpo de Bombeiros e foi levada ao Hospital Geral do Estado (HGE), após as agressões. A jovem passou por exame de tomografia e ficou sob observação, sendo liberada em seguida.
Claudeane Ferreira da Silva Santos é a mãe da adolescente e se disse revoltada com o episódio e com a postura da direção da unidade de ensino. Ela questionou ainda a demora para que as agressões fossem interrompidas. Segundo ela, havia um professor monitorando os estudantes e este ignorou a situação. O professor aparece no vídeo assistindo às agressões.
A Secretaria Municipal de Educação (Semed), responsável pela gestão da unidade de ensino, disse que ao ter ciência da situação prestou toda assistência às alunas, acionou o Conselho Tutelar e informou aos pais sobre o ocorrido. Sobre a postura do educador, a Semed afirmou que "a princípio o professor ficou em choque diante da situação, mas em seguida ele estabilizou atuando junto com a direção".