Clima de derrota na campanha de Bolsonaro após denúncia vazia de sumiço de inserções no rádio

Cortesia

A colunista de O Globo, Malu Gaspar, relata tensões provocadas por acusações internas de amadorismo dentro da campanha de Bolsonaro diante das denúncias de sumiço de inserções de rádio feitas pelo ministro das Comunicações Fabio Faria e por Fábio Wajngarten, assessor de Bolsonaro. A atitude precipitada acabou por expor um racha que até a semana passada estava contida, mas voltou a se manifestar neste momento de crise.

 
Relatos mais seguros dão conta de que o próprio QG bolsonarista tem a consciência de que eles estão caindo em todas as pesquisas confiáveis, razão pela qual a atitude de Fábio Faria e Fábio Wajngarten vai terminar por reforçar o clima de derrotismo entre o eleitorado brasileiro.
 
Segundo relata Malu Gaspar, “ao longo da tarde da terça, enquanto esperavam os dois apresentarem ao TSE os documentos demonstrando no que haviam baseado as denúncias, membros da equipe de campanha e do entorno político de Bolsonaro atacavam os “dois Fábios” nos bastidores. Em conversas reservadas, diziam não acreditar que a denúncia fosse ter alguma consequência e os chamavam de “amadores” e até de “aloprados”.
 
A colunista acrescenta que “o amadorismo da denúncia viria da forma e do momento escolhido para a entrevista. Além de falar de noite, na frente do Palácio da Alvorada e não em uma sala, com antecedência suficiente para que os telejornais tivessem tempo de fazer reportagens, os dois teriam passado a impressão de improviso e de atropelo. A cena teria denotado ainda uma atitude de desespero e de medo da derrota, no dia seguinte ao ataque de Roberto Jefferson aos policiais federais”.
 
A atitude precipitada e amadora deu margem a uma resposta de Alexandre de Moraes, que deu ao QG bolsonarista 24 horas para entregar as provas da denúncia. 
 
Em despacho proferido na mesma noite, Alexandre de Moraes afirma que “tal fato é extremamente grave, pois a coligação requerente aponta suposta fraude eleitoral sem base documental alguma, o que, em tese, poderá caracterizar crime eleitoral dos autores, se constatada a motivação de tumultuar o pleito eleitoral em sua última semana”, escreveu Moraes, que determinou a entrega em até 24 horas de “provas e/ou documentos sérios que comprovem sua alegação” sob pena de indeferimento e instauração de inquérito contra os autores.
 
Ocorre que na noite de ontem (25/10), a campanha de Bolsonaro apresentou ao TSE uma simples petição de 11 páginas e uma enorme quantidade de arquivos de áudio referentes a apenas 8 (oito) emissoras que provariam a falta das inserções nas rádios do Norte e Nordeste.
 
A enorme quantidade de tempo dos áudios entregues pode deixar em evidência que a única pretensão dessa atitude é tumultuar o processo eleitoral, uma vez que será preciso muito tempo para conferir se as inserções de fato não foram exibidas. 

Malu Gaspar finaliza dizendo que, “se por um lado o episódio já rendeu um mal estar com o TSE, expresso pelas palavras de Moraes, nos grupos de WhatsApp bolsonaristas pipocam vídeos sobre a suposta fraude e mensagens a respeito de uma tal “máfia das rádios” montada com apoio do PT, além de apelos infundados pelo adiamento do segundo turno. Caso não se comprovem as denúncias, porém, o clima que já está ruim na campanha bolsonarista pode ficar ainda pior”.