"Cozinha por dois, três dias e come com banana. Daí eu queria ver o índio sendo cozinhado, e um cara falou: 'Se for ver, tem que comer.' Daí eu disse: "Eu como!", comenta Bolsonaro em um trecho do vídeo de uma entrevista concedida em 2016 ao jornal americano "The New York Times", que viralizou nos últimos dias nas redes sociais.
O trecho, no qual o então deputado federal Bolsonaro se refere a um suposto ritual da comunidade indígena Yanomami, do estado de Roraima (norte), foi retomado em um espaço de propaganda de Lula na TV. A sucessão de imagens inclui outros atos e desabafos do político, e o mostra simulando uma metralhadora com um tripé, chamando uma deputada de “vagabunda” e debochando da Covid-19.
O ministro das Comunicações, Fábio Faría, um dos coordenadores da campanha de Bolsonaro, disse no Twitter que o PT de Lula tirou as declarações do contexto, e afirmou que irão recorrer junto às autoridades eleitorais.
Junior Hekurari, presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami, negou à idenpendente Agência Pública a existência do ritual de canibalismo nessa cultura.
Bolsonaro, que costuma se referir a Lula como "ladrão", chamou-o de "pinguço" nesta sexta-feira, em entrevista coletiva no Palácio da Alvorada, onde substituiu o tom moderado que vinha mantendo recentemente por um agressivo.
Lula "vai trazer essa quadrilha de incompetentes para comandar o Brasil. Não vai dar certo. É a nossa liberdade que está em jogo", esbravejou.
O ex-presidente, reunido em São Paulo com sua nova aliada Simone Tebet, disse que não irá responder "ao jogo rasteiro de Bolsonaro". "Estamos diante de um homem sem alma, sem coração."