“Quem é bolsonarista acha que a eleição está num clima bom. E de fato está um clima muito bom. Mas nós temos pessoas que estão insatisfeitas. A comida está cara e elas tendem naturalmente a mudar o governo. ‘Não está bom para mim, então, quero mudar’… Esse é o raciocínio imediato das pessoas. Temos que ter um pouco de paciência agora. Estamos em um momento econômico muito bom, mas estamos dentro de uma crise, e a crise afeta as pessoas”, disse o deputado à coluna.
Um dos principais caciques do Centrão, o conjunto de partidos fisiológicos que se alinham sempre a quem está no comando do governo, independentemente de ideologia ou coloração partidária, Barros assumiu a liderança do governo ainda em agosto de 2020, quando Bolsonaro se alinhou a siglas como o próprio Progressistas e o Partido Liberal para evitar o risco de impeachment.
Embora venha acompanhada de ressalvas em favor de Bolsonaro, a declaração do parlamentar ilustra bem a postura atual do Centrão: diante da perspectiva trazida pelas pesquisas de intenção de voto, várias lideranças do grupo já começam a piscar para o PT e para Lula.
Alvo frequente de investigações que envolvem malfeitos com dinheiro público, Ricardo Barros é um típico representante dessa turma. Ele esteve ao lado de praticamente todos os últimos governos. Foi ministro da Saúde de Michel Temer, vice-líder do governo Lula na Câmara e líder do governo Fernando Henrique Cardoso.
Em seu sexto mandato de deputado federal, o deputado passa longe de repetir o discurso dos bolsonaristas mais ferrenhos que falam em vitória de Bolsonaro no próximo domingo, na contramão de todas as principais pesquisas.
Barros afirma que o núcleo político da campanha de Bolsonaro nunca cogitou para valer essa possibilidade. “Nós nunca tratamos disso (da chance de Bolsonaro vencer no primeiro turno). Estamos trabalhando na campanha dentro da perspectiva de uma eleição em dois turnos”, afirmou.
Indagado sobre como ficaria seu partido, o Progressistas, em caso de vitória de Lula, Barros sai pela tangente. “Eu não estou considerando essa possibilidade. Estou muito seguro que vamos para o segundo turno e que o presidente Bolsonaro vai ganhar a eleição. Vou ficar dentro dessa lógica. Não é bom ficarmos especulando, porque não ajuda em nada”, desconversa.