O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), declarou ao TSE ter desembolsado R$ 200 mil no arrendamento de um helicóptero para sua campanha à reeleição em Alagoas, estado com 102 municípios.
A aeronave foi alugada da “Jet Line Locações e Serviços Aéreos S/A”. A empresa tem entre seus sócios o advogado Willer Tomaz, que defende o próprio Lira e dezenas de políticos poderosos do Brasil.
Willer representou o atual presidente da Câmara, por exemplo, em ações de improbidade administrativa que tramitaram na Justiça Federal de Curitiba, no âmbito da Operação Lava Jato.
O advogado é conhecido em Brasília por transitar bem nos três Poderes e ser amigo de políticos tanto governistas, como o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), quanto de oposição, como o senador Weverton Rocha (PDT-MA)
A Jet Line é comandada por Christine Tomaz, estudante de odontologia e irmã do advogado, e pela administradora de empresas Lídia Mazelli, que também dirige outras companhias da família Tomaz.
Segundo dados da Junta Comercial do Distrito Federal, a empresa tinha sede em Taguatinga. Em agosto deste ano, porém, alterou seu endereço para Formosa (GO), cidade a cerca de 60 km de Brasília.
Valor abaixo do mercado
Ao TSE, Lira informou ter arrendado a aeronave para 50 horas/voo. O helicóptero é do modelo Robinson, prefixo “PT-LAN”. Fabricado em 2013, tem capacidade para quatro passageiros.
O preço hora/voo contratado por Lira foi de R$ 4 mil. O valor é abaixo do praticado por outras empresas consultadas pela coluna ao longo desta sexta-feira (16/9). Os orçamentos obtidos variaram entre R$ 7 mil e R$ 11 mil.
Os R$ 200 mil desembolsados pelo presidente da Câmara foram pagos com dinheiro do fundo eleitoral do PP. Até o momento, o partido já transferiu R$ 2 milhões do fundo a Lira.
Outro lado
Em nota, Lira afirmou que “a coordenação de campanha é que estabelece os procedimentos de contratação de serviços, obedecendo todas as normais legais e com devida prestação de contas à Justiça Eleitoral”.
O presidente da Câmara não especificou os critérios levados em conta para a escolha da Jet Line, nem comentou sobre sua relação com Willer Tomaz.
Willer confirmou à coluna ser um dos acionistas da Jet Line. Ele ressaltou, porém, que “nunca participou de qualquer negociação de arrendamento”, nem mesmo nas tratativas que envolveram a campanha de Lira.
“Tenho certeza que não há qualquer irregularidade na relação comercial da Jet Line. É uma empresa que já está no mercado há vários anos”, afirmou Willer. A coluna não conseguiu contato com Christine Tomaz.
Uma das diretoras da Jet Line, Lídia Mazelli argumentou que a empresa loca aeronaves para diversas pessoas físicas e jurídicas e que o helicóptero arrendado para Lira foi “negociado em valor de mercado”.
Colaborou Tácio Lorran