Na avaliação do ex-diretor geral da Agência Nacional do Petróleo (ANP) David Zylbersztajn, o preço do combustível deve sofrer forte alta após as eleições, com o realinhamento ao mercado internacional. Em entrevista à CNN, neste sábado (23), o ex-diretor afirmou que parece haver uma ordem na Petrobras de não mexer nos preços até o pleito.
Zylbersztajn criticou a redução dos preços dos combustíveis para o consumidor no país. Ele classificou o movimento do governo para baixar os preços como “artificial”. “O fato da gente estar mais barato significa que, se a gente precisar importar, alguém precisará pagar essa diferença. Se não for o consumidor, ou vai ser a Petrobras ou o governo”, pontua.
Para ele, é possível que “depois das eleições, a gente tenha um realinhamento forte dos preços dos combustíveis, dependendo de como se comportar o mercado internacional”, disse.
O ex-diretor citou que dois movimentos impactaram o preço dos combustíveis nas últimas semanas. O primeiro foi a queda do preço do petróleo. O brent chegou a ficar abaixo dos US$ 100. Por outro lado, a recente depreciação do real frente ao dólar puxa os preços para cima.
“Esse embate entre queda do petróleo e depreciação do real é que vai determinar se tem que aumentar, diminuir ou deixar estável. A minha impressão é que a valorização do dólar foi mais expressiva do que o preço do barril”, afirma o ex-diretor da ANP.
Para ele, ao invés de uma solução artificial, o governo poderia encontrar uma saída que, estruturalmente, resolva o problema. Zylbersztajn também reprovou a redução do ICMS nos estados.
“Você não pode, de uma maneira brusca como foi feita, cortar receita dos estados. Inclusive, choca a passividade da maioria dos governadores”, diz. Segundo o ex-diretor da ANP, caso houvesse uma redução no imposto, deveria ocorrer “no bojo de uma reforma tributária maior, de uma forma organizada, com estratégia e com prazo de implementação”.
“O impacto disso com a redução da receita dos estados vai ser na hora que faltar merenda escolar, faltar investimento na segurança pública, faltar investimento para consertar equipamentos em hospitais, afirma Zylbersztajn.