Está na Constituição que o tribunal é o órgão máximo da Justiça Eleitoral. Significa que somente ele, pode estabelecer as regras eleitorais e cuidar para que sejam respeitadas. Às Forças Armadas, cabe o transporte de urnas e o que mais o tribunal determinar.
Nos últimos 26 anos de eleição eletrônica, jamais as Forças Armadas reclamaram de qualquer coisa. No que chegou à presidência um ex-capitão expulso do Exército por má conduta, elas passaram a reclamar. Por que tanto servilismo?
A bem da verdade, o tribunal foi quem abriu a brecha para que as Forças Armadas fossem além dos seus chinelos. Acuado por Bolsonaro, pediu sugestões para aperfeiçoar a segurança do voto, embora jamais tenha sido detectado qualquer tipo de fraude.
As sugestões foram dadas, o tribunal aceitou algumas, rejeitou outras e guardou outras para futura análise. Mas por meio do Ministério da Defesa, que virou um puxadinho do gabinete de Bolsonaro, as Forças Armadas cobram novas providências.
Deixem-nas falar sozinho até que fiquem roucas ou se calem por cansaço. O que elas farão nesse caso? Fecharão o tribunal? Seria o sonho de Bolsonaro e de sua tropa de golpistas. Recusar-se-ão a transportar as urnas? Porão nas ruas seus blindados fumacentos?
O general Hamilton Mourão, vice-presidente da República, disse a respeito de uma possível eleição de Lula:
“Ele pode não ter o respeito [das Forças Armadas], mas vamos dizer assim, como vou dizer… ele tem o cargo. A gente quando faz continência para um superior, a gente não saúda a pessoa, a gente saúda o posto. Ele será saudado pelo posto que irá ocupar”.
É o que basta.