O grupo das sete maiores economias do mundo (G7) se reúne neste domingo (27) em uma cúpula de três dias em Schloss Elmau, nas montanhas da Baviera, na Alemanha.
Na mesa, estará o debate em aumentar a pressão sobre a Rússia e as consequências da guerra contra a Ucrânia, que provocou escassez de alimentos e energia pelo mundo, ao longo dos cinco meses do conflito.
O G7 é formado por Estados Unidos, Alemanha, França, Reino Unido, Itália, Canadá e Japão. Os líderes desses países enfrentam a ameaça de recessão global e as crises domésticas em seus respectivos países devido ao crescente aumento dos preços do gás, alimentos e outros bens básicos de consumo.
A deterioração econômica levou a novas conversas e algumas fraturas entre aliados sobre como colocar fim à guerra na Ucrânia. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, deve apelar por mais sanções e mais assistência militar quando aparecer virtualmente no evento.
Autoridades dos Estados Unidos disseram que o presidente Joe Biden planeja revelar seus próximos passos ao lado de outros líderes para aumentar a pressão sobre a Rússia, embora tenham se recusado a dizer como seriam.
Ao mesmo tempo, Biden espera que o grupo discuta medidas para estabilizar os mercados de energia, uma questão que um funcionário do governo norte-americano disse à CNN que estaria no centro das discussões no castelo nos Alpes Bávaros, onde o G7 se reúne.
Biden e os líderes do G7 concordaram em anunciar uma proibição de importação de ouro da Rússia, segundo uma fonte revelou à CNN. O ouro é a segunda maior exportação da Rússia, depois da energia.
O Departamento do Tesouro deve emitir uma determinação na terça-feira (28) para proibir a importação de ouro para os EUA, o que, segundo a fonte ouvida pela CNN, isolaria ainda mais a Rússia da economia global, impedindo sua participação no mercado de ouro.
Os líderes do G7 devem discutir ainda a criação de um “grupo climático” para coordenar melhor os preços do carbono e outras medidas e ações para reduzir as emissões de gás.
O compromisso climático é cada vez mais desafiado pela tentativa de redução da dependência do gás natural russo na Europa, além de aliviar os preços da gasolina.
Depois que a UE elogiou uma transição acelerada de energia limpa em resposta à invasão da Ucrânia pela Rússia, alguns países europeus, em especial a Alemanha e o Reino Unido, estão voltando ao carvão para substituir o gás perdido. E a Alemanha também olha para a África para um novo fornecimento de gás.
“A Alemanha está começando a recuar e o chanceler Scholz está pensando em fazer um novo acordo com Senegal sobre o fornecimento de gás. Esse é um sinal preocupante para a unidade do G7 em maio por sair dos combustíveis fósseis”, disse Alex Scott, líder do programa de diplomacia climática e geopolítica do “think tank” climático global E3G, à CNN.
Scott também disse que está procurando compromissos concretos com os EUA sobre a eliminação gradual do carvão, algo que lutou para fazer em negociações climáticas passadas. “É hora de os EUA realmente colocarem uma nova política em cima da mesa”, afirmou.
“Isso significa esclarecer quando e como os EUA vão acabar com sua obsessão com o carvão. A mudança no governo, a onda de ambição climática e a definição de metas que trouxe já expiraram”, acrescentou.
Quase 20 mil policiais foram enviados para garantir a segurança na cúpula. No sábado (25), cerca de 4.000 pessoas marcharam em Munique, pedindo aos líderes do grupo dos sete países industrializados que tomem medidas para combater a pobreza, as mudanças climáticas e a fome no mundo, além de acabar com a dependência dos combustíveis fósseis russos.
Os manifestantes carregavam faixas dizendo “Pare a guerra, Rússia” e “O imperialismo começa aqui”, e exigiram que o G7 alocasse mais fundos para prevenção de crises, gestão de conflitos civis e desenvolvimento econômico.
“Hoje, estamos no G7 novamente porque percebemos que nada melhorou, estamos nos destruindo”, disse Lisa Munz, uma manifestante usando um chapéu coberto com um frango recheado.
O protesto foi patrocinado por mais de 15 organizações, incluindo a WWF Alemanha, Oxfam Deutschland, Greenpeace e Bread for the World.
“A manifestação é um sinal claro de quão forte é o desejo de muitas pessoas por uma política fundamentalmente diferente nos países do G7”, disse a Oxfam Deutschland, em um comunicado.
*Com informações de Kevin Liptak e Ella Nilsen, da CNN, e de Riham Alkousaa e David Holmes, da Reuters)