O placar foi de 10 a 1. O único ministro a se opor foi Kassio Nunes Marques que ali faz todas as vontades de Bolsonaro. Silveira não será preso porque Bolsonaro o indultou, mas se tornou inelegível.
Na semana passada, Nunes Marques, sempre ele, em decisão solitária, devolveu o mandato ao deputado estadual bolsonarista Fernando Francischini (União Brasil-PR).
Foi um gesto ousado de Nunes Marques. Acusado de disseminar falsa notícia sobre as urnas eletrônicas, Francischini teve o mandato cassado por maioria de votos pelo Tribunal Superior Eleitoral.
Nesta madrugada, quando o Supremo começou a julgar remotamente um mandado de segurança que derrubaria a polêmica decisão de Nunes Marques, então Mendonça pediu vista do processo.
Bolsonaro soube com antecedência que Mendonça pediria vista, suspendendo o julgamento. Como soube com antecedência que Nunes Marques devolveria o mandato de Francischini.
Foi uma manobra combinada entre os três que incluiu mais um lance: Nunes Marques marcou para esta manhã o julgamento pela Segunda Turma do STF da decisão que beneficiou Francischini.
É Nunes Marques que preside a Segunda Turma, da qual fazem parte Mendonça e os ministros Gilmar Mendes, o mais antigo do tribunal, Edson Fachin e Ricardo Lewandowski.
Nunes Marques deverá ser derrotado na Segunda Turma por 3 votos contra 2 – o dele e o de Mendonça. A não ser… A não ser que Mendonça peça também vista do processo.
Nunca antes na história do Supremo houve nada parecido. É um ato de molecagem de dois ministros patrocinado diretamente pelo presidente da República para enfraquecer a instituição.
Vinte e um pontos atrás de Lula, segundo a mais recente pesquisa Datafolha, Bolsonaro está em campanha para desacreditar ao mesmo tempo a Justiça e o sistema de votação eletrônico.
Não é comportamento de quem pretende se reeleger, mas de quem não reconhecerá os resultados das eleições se for derrotado. É mais uma evidência de que Bolsonaro aposta de fato no golpe.