Nesse jogo em que quem apadrinha o dono da caneta oficial pode indicar onde e como gastar os recursos, ganha quem pode mais. E poder mais, como mostra a reportagem do Estadão, é estar ligado aos aliados do governo Bolsonaro. De preferência, os do Centrão.
Assim, a cidade alagoana de Barra de São Miguel, comandada pelo pai do presidente da Câmara Arthur Lira (Progressista), foi agraciada com três caminhões novos. O município tem menos de 9 mil habitantes. Levando em conta que cada morador de zona urbana de pequenas cidades brasileiras produz em média 0,6 kg de lixo por dia, a frota nova que Lira assegurou para seu pai tem capacidade de coleta 4,6 vezes maior do que produção local de resíduos. E parece não importar se a 80 quilômetros dali, a cidade de Maribondo -Al, não tenha nenhum.
Farra com dinheiro público
Ter o lixo recolhido na porta de casa é benefício que todo mundo quer. E a universalização do serviço está registrada nos planos de melhoria das condições de vida mundo afora. Mas, pelo que se vê das compras públicas, a farra com veículos compactadores apenas se escuda na aparência de que toda cidade merece ter seu caminhãozinho de lixo. Já no mundo real das estatais do Centrão, política pública tem novo significado. Ao invés de se avaliar primeiro quem realmente precisa e qual a melhor forma de se aplicar os recursos públicos, o que parece contar é apenas a promoção política.