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21/05/2022 às 20h45min - Atualizada em 21/05/2022 às 20h45min

Veja como está a situação da Ucrânia três meses após invasão russa

Conflito está na segunda fase com combates no leste, após fracassados avanços russos no centro da Ucrânia; Otan é fortalecida com proposta de união de países nórdicos

Joshua Berlingerda CNN
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Vista aérea de prédio residencial destruído após bombardeios russos em Kharkiv, na Ucrânia John Moore/Getty Images

Já se passaram quase três meses desde que a Rússia invadiu a Ucrânia –um período de 12 semanas em que as forças russas causaram devastação no país e de seu povo, resultando em mortes em grande escala e fazendo com que milhões de pessoas fugissem.

Mas a invasão não foi o sucesso militar que Moscou esperava e agora está em sua segunda fase. A maior parte dos combates se deslocou para o leste, após os fracassados avanços russos no centro da Ucrânia. Os defensores estão até se concentrando em retomar algumas áreas-chave perto da fronteira russa, enquanto Moscou vê suas tropas derrotadas em algumas batalhas importantes.

A ajuda ocidental também está fluindo dentro da Ucrânia, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) deve ser fortalecida à medida que os países buscam se juntar à aliança. O primeiro soldado russo acusado de crimes de guerra foi julgado.

Veja o que tem acontecido em várias áreas-chave desde o início da guerra.

Donbass

Após semanas de intensos combates, a região leste de Donbass, na Ucrânia, está “completamente destruída”, disse o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, na quinta-feira (19).

Ele acusou a Rússia de uma “tentativa deliberada e criminosa de matar o maior número possível de ucranianos” depois que uma vila em Chernihiv foi atingida por mísseis, deixando muitos mortos.

Autoridades da região dizem que a linha de frente está sendo bombardeada “dia e noite”, com as forças russas tentando romper as linhas ucranianas.

Um oficial militar da Otan disse à CNN na quarta-feira (18) que a aliança espera um impasse nas próximas semanas. Mas a autoridade disse que a Otan acredita que o momento mudou significativamente a favor da Ucrânia e o debate dentro dos círculos da aliança agora é sobre se é possível Kiev retomar a Crimeia e os territórios de Donbass, ambos tomados pela Rússia e pelos separatistas apoiados pela Rússia, respectivamente, em 2014.

Soldados ucranianos na linha de frente no Donbass, no leste da Ucrânia / Diego Herrera Carcedo/Anadolu Agency via Getty Images

Kharkiv

As forças ucranianas resistiram os ataques russos na segunda cidade ucraniana de Kharkiv e avançaram em direção à fronteira em vários lugares ao norte e leste da cidade.

Autoridades ucranianas disseram na semana passada que estavam libertando vilarejos nos arredores da cidade. Seus avanços levaram à expulsão simbólica e embaraçosa das forças do Kremlin de volta à própria fronteira, enquanto representavam a ameaça estratégica de cortar as linhas de suprimentos da Rússia para a Ucrânia e suas forças mais ao sul, em Donbass.

Anastasia Paraskevova voltou recentemente para sua casa em Kharkiv pela primeira vez desde que fugiu da cidade há dois meses. O local estava sob constante bombardeio desde então, até que as forças russas foram repelidas.

Paraskevova disse que no geral a experiência foi boa. “A cidade estava muito mais viva. As pessoas estavam andando pelas ruas. E algumas lojas estavam funcionando. Parecia que alguma vida estava de volta, muito melhor do que quando eu estava aqui em março”.

Prédio destruído em Kharkiv após bombardeios russos

Prédio destruído em Kharkiv após bombardeios russos

Prédio destruído em Kharkiv após bombardeios russos / Wolfgang Schwan/Anadolu Agency via Getty Images

Kherson

Todos os dias, centenas ou mesmo milhares de pessoas tentam fugir da região de Kherson, no sul da Ucrânia, que está ocupada pelos russos.

A cidade está sob controle russo desde o início da invasão. Os ucranianos estão saindo por muitas razões: para evitar serem detidos ou para escapar das ações pesadas das forças russas, ou por causa da escassez crônica de remédios e outros itens básicos em Kherson.

Na semana passada, um comboio de cerca de 1.000 veículos tentaram deixar Kherson. Os russos, finalmente, deixaram o comboio se mover em grupos –mas só depois de segurá-los no mesmo lugar durante a maior parte do dia.


Veículos militares em Kherson / 02/03/2022 Imagem de vídeo obtido pela REUTERS

Mariupol

A cidade portuária de Mariupol, no Mar de Azov, finalmente está sob domínio das forças russas após semanas de bombardeios implacáveis.

A cidade foi palco de alguns dos combates mais intensos desde que a Rússia iniciou a invasão da Ucrânia. Foi lá que a Rússia realizou ataques mortais a uma maternidade e o bombardeio de um teatro onde centenas de civis se refugiavam da violência.

Mariupol tornou-se um símbolo da resistência ucraniana quando seus defensores resistiram em Azovstal, uma grande usina siderúrgica onde cerca de 1.000 civis se abrigavam em um ponto, com estoques de comida e água diminuindo.

Os militares da Ucrânia anunciaram na segunda-feira que suas forças haviam completado sua “missão de combate” em Azovstal, efetivamente cedendo a cidade às forças russas. Na sexta-feira (20), a Ucrânia ordenou que seus combatentes parassem de defender a usina.

O ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, disse na sexta-feira que quase 2.000 soldados ucranianos se renderam em Azovstal. A CNN não pôde verificar independentemente esse número.

Com a cidade agora quase totalmente sob controle russo, existe a preocupação de que evidências de quaisquer crimes de guerra em potencial –como os supostamente cometidos em Bucha e Borodianka– possam ser perdidas ou destruídas.

Túmulos de civis na cidade ucraniana de Mariupol / 19/04/2022 REUTERS/Alexander Ermochenko

Bucha

Mais evidências de possíveis crimes de guerra russos estão surgindo em Bucha, cidade do norte da Ucrânia, perto da capital do país, Kiev. Uma investigação do “The New York Times” informou que paraquedistas russos realizaram execuções sumárias de pelo menos oito homens ucranianos em Bucha no dia 4 de março.

Evidências de valas comuns e execuções de civis nas cidades de Bucha e Borodianka continuaram a surgir desde o início de abril, após a retirada das forças russas da região de Kiev.

Imagens de corpos espalhados pelas ruas de Bucha provocaram condenação internacional e alimentaram pedidos de investigação sobre possíveis crimes de guerra russos.

Em abril, a CNN visitou o local das valas comuns em Bucha, depois que as forças russas se retiraram, revelando ao mundo os horrores de sua ocupação. O correspondente Fred Pleitgen foi um dos primeiros a chegar a uma vala comum que os moradores cavaram enquanto o local estava sob ocupação russa, porque foram tantos residentes mortos e as cerimônias funerárias mais longas teriam sido muito perigosas em meio aos tiros e bombardeios.

Exumação de corpos de civis de uma vala comum em Bucha, na região de Kiev / 08/04/2022 REUTERS/Valentyn Ogirenko

Um soldado é julgado

Nesta semana teve início o primeiro julgamento de crimes de guerra na Ucrânia desde o início da invasão. Um soldado russo, de 21 anos, chamado Vadim Shishimarin se declarou culpado de matar um homem de 62 anos desarmado.

O primeiro dia do julgamento contou com a presença de tantos jornalistas que as autoridades de Kiev foram forçadas a mudá-lo para um local maior. Desde então, o julgamento produziu vários momentos dramáticos, incluindo um confronto entre o soldado e a viúva da vítima, além do testemunho do próprio Shishimarin.

Em uma fala na sexta-feira, Shishimarin reconheceu que era responsável pelo assassinato, mas pediu que “me desculpe e me arrependo sinceramente”.

“Eu estava nervoso no momento em que aconteceu. Eu não queria matar. Mas aconteceu e eu não nego”, disse ele.

O advogado de Shishimarin, Viktor Ovsyannikov, argumentou que, embora seu cliente fosse culpado pela morte, não foi um assassinato.

“Shishimarin estava em um estado de estresse causado pela situação de combate e pela pressão de seu comandante. A análise dessas circunstâncias me permite concluir que Shishimarin não tinha intenção direta do assassinato”, disse Ovsyannikov.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse na quarta-feira que a Rússia não tem detalhes sobre o caso de Shishimarin e considera as acusações “inaceitáveis”, “ultrajantes” e “encenadas”.

Retorno dos diplomatas

As missões diplomáticas estrangeiras começaram a voltar à vida em Kiev nesta semana, depois que diplomatas fugiram em massa da cidade no início do conflito.

A bandeira dos EUA foi hasteada sobre a Embaixada dos Estados Unidos para marcar a retomada oficial das operações na quarta-feira, enquanto o Ministério das Relações Exteriores da Suíça disse na quinta-feira que também reabrirá sua embaixada.

Os EUA e a França começaram a enviar diplomatas de volta a Kiev no final de abril.

Pacote de ajuda

Os legisladores norte-americanos aprovaram na quinta-feira um projeto de lei que enviará cerca de US$ 40 bilhões à Ucrânia para levar ajuda militar e humanitária, incluindo financiamento que ajudará as forças militares e de segurança nacional ucranianas, ajudará a reabastecer os estoques de equipamentos dos EUA enviados à Ucrânia e fornecerá assistência médica e de saúde pública para refugiados ucranianos.

O presidente dos EUA, Joe Biden, assinou o pacote de ajuda enquanto estava na Coreia do Sul.

Desenvolvimentos nos países nórdicos

A Rússia parou de enviar gás natural para a Finlândia no sábado (21) e a Suécia se candidatou à adesão à Otan.

Helsinque e Estocolmo, por décadas, evitaram aderir à aliança, mas citaram a invasão de Moscou como o impulso final para fazê-lo agora. Os dois países entregaram formalmente seus pedidos na quarta-feira.

A maioria dos membros da Otan parece disposta a apoiar ambas as propostas, exceto a Turquia.

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, disse na quinta-feira que seu país “dirá não à entrada da Suécia e da Finlândia na Otan”, citando seu apoio ao Partido dos Trabalhadores do Curdistão. O partido busca um Estado independente na Turquia e há décadas trava uma luta armada com Ancara. Ele foi designado uma organização terrorista pela Turquia, Estados Unidos e União Europeia.

Alguns especialistas dizem que Erdogan pode estar buscando concessões ou para destacar queixas que a Turquia deseja trazer à atenção da comunidade internacional.

(Com informações de Rob Picheta, da CNN)


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