O presidente Vladimir Putin alertou o Ocidente, nesta segunda-feira (16), que a Rússia responderá se a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) reforçar a infraestrutura militar da Suécia e da Finlândia, que decidiram se juntar à aliança militar dos Estados Unidos após a invasão da Ucrânia.
Putin, o líder supremo da Rússia desde o último dia de 1999, citou repetidamente a ampliação pós-soviética da aliança da Otan para o Leste em direção às fronteiras da Rússia como uma razão para o conflito da Ucrânia.
Falando aos líderes de uma aliança militar dominada pela Rússia de ex-estados soviéticos, Putin disse que a ampliação da Otan está sendo usada pelos Estados Unidos de maneira “agressiva” para agravar uma situação de segurança global já difícil.
A Rússia, disse Putin, não tinha problemas com a Finlândia ou a Suécia, então não havia ameaça direta da ampliação da Otan que incluísse esses países.
“Mas a expansão da infraestrutura militar neste território certamente provocaria nossa resposta”, disse Putin aos líderes da Organização do Tratado de Segurança Coletiva, que inclui Belarus, Armênia, Cazaquistão, Quirguistão e Tadjiquistão.
“Qual será essa (resposta) – veremos quais ameaças são criadas para nós”, disse Putin no Grande Palácio do Kremlin. “Os problemas estão sendo criados sem motivo nenhum. Vamos reagir de acordo”.
A Rússia deu poucas pistas específicas sobre o que fará em resposta ao alargamento nórdico da Otan, as maiores consequências estratégicas da invasão russa da Ucrânia até hoje.
Um dos aliados mais próximos de Putin, o ex-presidente Dmitry Medvedev, disse no mês passado que a Rússia poderia implantar armas nucleares e mísseis hipersônicos no enclave russo de Kaliningrado se a Finlândia e a Suécia se juntarem à Otan.
A Otan, fundada em 1949 para fornecer segurança europeia contra a União Soviética, em última análise, supera a Rússia em quase todas as medidas militares, exceto armas nucleares, embora a espinha dorsal do poder militar da aliança seja os Estados Unidos – cujas forças são principalmente implantadas longe da Europa.
Antes de Putin falar, o vice-chanceler russo, Sergei Ryabkov, disse que o Ocidente não deveria ter ilusões de que Moscou simplesmente toleraria a expansão nórdica da Otan.
O Ocidente diz que a Otan – uma aliança de 30 países, incluindo ex-repúblicas do Pacto de Varsóvia, como Polônia e Hungria, além de potências nucleares como Estados Unidos, Grã-Bretanha e França – é puramente defensiva.
Moscou diz que a Otan ameaça a Rússia e que Washington ignorou repetidamente as preocupações do Kremlin sobre a segurança de suas fronteiras no Ocidente, fonte de duas devastadoras invasões europeias em 1812 e 1941.
A Finlândia conquistou a independência da Rússia em 1917 e travou duas guerras contra ela durante a Segunda Guerra Mundial, durante a qual perdeu território. A Suécia não luta uma guerra há 200 anos. A política externa concentrou-se no apoio à democracia e ao desarmamento nuclear.
Putin disse que, além da “política de expansão sem fim”, a Otan está indo muito além de sua missão euro-atlântica – uma tendência que a Rússia está seguindo cuidadosamente.
Putin diz que a “operação militar especial” na Ucrânia é necessária porque os Estados Unidos estavam usando a Ucrânia para ameaçar a Rússia através da ampliação da Otan e Moscou teve que se defender contra a perseguição de pessoas de língua russa.
Putin diz que, quando a União Soviética entrou em colapso, foram dadas garantias de que a aliança não se expandiria para o Leste em direção à Rússia, uma promessa que ele diz ser uma mentira que humilhou a Rússia em seu momento de fraqueza histórica.
Os Estados Unidos e a Otan contestam que tais garantias tenham sido dadas explicitamente. Kiev e seus apoiadores ocidentais dizem que a alegação de perseguição aos falantes de russo foi exagerada por Moscou como pretexto para uma guerra não provocada contra um Estado soberano.
(Edição de Guy Faulconbridge, Ed Osmond e Nick Macfie)