Doze grandes clubes da Europa anunciaram neste domingo a criação de uma Superliga, em oposição ao modelo atual da Liga dos Campeões da Uefa. São eles:
Outros três participantes são aguardados para a temporada inaugural, que começará "assim que for possível" segundo comunicado divulgado para a imprensa.
Presidida por Florentino Pérez, mandatário do Real Madrid, a Superliga afirmou que, de olho no futuro, espera manter conversas com a Uefa e a Fifa "buscando melhores soluções para a Superliga e o conjunto do futebol mundial", embora a relação já nasça estremecida.
Ainda neste domingo, já ciente da criação da Superliga depois de um artigo do jornal americano "The New York Times", a Uefa ameaçou punir severamente os clubes envolvidos e também proibir os jogadores de disputarem competições pelas suas seleções.
"Todos os clubes e jogadores que participarem da Superliga podem ser banidos de todas as competições da Uefa e Fifa, europeias ou internacionais", disse a Uefa.
Ela tem o apoio das principais ligas de clubes nacionais, como a Premier League (Inglaterra), Bundesliga (Alemanha), Serie A (Itália), La Liga (Espanha) e Ligue 1 (França). Clubes como Bayern e Paris Saint-Germain, curiosamente finalistas da última Champions, recusaram participar da Superliga.
Assim que possível, uma liga feminina também será lançada, "ajudando a avançar e desenvolver o futebol feminino".
Ainda segundo o comunicado, o novo torneio anual "proporcionará um crescimento econômico significantemente maior e apoio ao futebol europeu por meio de um compromisso de longo prazo com pagamentos de solidariedade ilimitados que crescerão de acordo com as receitas da Superliga".
Ela destaca que "estes pagamentos de solidariedade serão substancialmente mais elevados do que os gerados pela atual competição europeia (a Liga dos Campeões) e deverão ser superiores a € 10 bilhões durante o período de compromisso inicial dos clubes".
Além disso, também será construída uma base financeira sustentável para os clubes fundadores receberem € 3,5 bilhões exclusivamente para apoiar seus planos de investimento em infraestrutura e para compensar o impacto da pandemia da Covid-19.
Se este valor se confirmar, seria muito superior à quantidade paga aos clubes pela Uefa em todas as competições (Liga dos Campeões, Liga Europa e Supercopa Europeia), que geraram € 3,2 bilhões em direitos de transmissão na temporada 2018/19, antes que a pandemia afetasse seriamente o mercado europeu de direitos esportivos.
Vice-presidente da Superliga, presidente da Juventus e ex-presidente da Associação Europeia de Clubes, Andrea Agnelli reforçou que os clubes fundadores possuem poder dentro do continente:
- Nossos 12 clubes fundadores representam bilhões de fãs em todo o mundo e 99 troféus europeus. Nós nos reunimos nesse momento crítico permitindo que a competição europeia se transformasse, colocando o jogo que amamos numa base sustentável para o futuro a longo prazo, aumentando substancialmente a solidariedade e dando aos torcedores e jogadores amadores um fluxo regular de jogos de destaque que irão alimentar a sua paixão pelo jogo e, ao mesmo tempo, fornecer a eles um modelo atraente - disse o italiano, vice-presidente juntamente com Joel Glazer, um dos donos do Manchester United.
A entidade máxima afirmou, também em comunicado, que "só pode desaprovar uma Liga Europeia fechada e dissidente fora das estruturas do futebol".
"A Fifa quer esclarecer que está firmemente posicionada em favor da solidariedade no futebol e de um modelo de redistribuição justo. A Fifa sempre defende a unidade no futebol mundial e apela a todas as partes envolvidas nas discussões acaloradas a se engajarem em um diálogo calmo, construtivo e equilibrado para o bem deste jogo".
A Uefa e a Fifa já haviam divulgado medidas duras em janeiro quando surgiram as primeiras especulações sobre esse novo torneio.
A punição com exclusão das competições internacionais teria consequências graves, uma vez que os clubes que teoricamente participariam desta Superliga estão repletos de jogadores estrangeiros, que seriam proibidos de atuar por suas seleções nacionais.
Resta saber se tal medida estaria em conformidade com o direito europeu da concorrência, ponto que abre a possibilidade de uma batalha jurídica se os clubes insistirem em organizar esta competição.
O anúncio desta posição da Uefa surge na véspera da reunião de seu Comitê Executivo (nesta segunda-feira, a partir das 4h de Brasília), na cidade suíça de Montreux, para aprovar uma profunda reforma da Liga dos Campeões, com a qual pretende eliminar a possibilidade de surgimento dessa Superliga.
A Uefa agradeceu aos clubes que não se manifestaram a favor desta inciativa independente, "em particular aos times franceses e alemães, que se recusaram a participar deste projeto".
Já a Associação Europeia de Clubes (ECA, pela sigla em inglês), da qual fazem parte grandes times do futebol europeu, declarou também neste domingo ser "fortemente contra um modelo fechado da Superliga", as primeiras notícias sobre a sua criação.
"A ECA, como organismo representativo de 246 clubes de primeira linha em toda a Europa, reafirma o seu empenho em trabalhar no desenvolvimento do modelo de competição de clubes da Uefa, com a Uefa, para o ciclo que começa em 2024", divulgou a entidade através do Twitter.
Esta posição firme da ECA pode surpreender, tendo em conta que este grupo, muitas vezes visto como o porta-voz dos clubes mais poderosos da Europa, era presidido pelo italiano Andrea Agnelli, patrono da Juventus, uma das equipes envolvidas na criação da Superliga. Ele pediu demissão do cargo, assim como os 12 clubes da Superliga também se desfiliaram.
"A ECA mantém-se na posição aprovada no seu Comitê Executivo de 16 de abril, ou seja, apoia o compromisso de trabalhar com a Uefa numa nova estrutura para o futebol europeu como um todo após 2024", acrescentou o organismo.