Diz a lei que você precisa de 50% dos votos + 1 para se eleger direto no primeiro turno. Em 2018, Bolsonaro teve 46%. Lula, Dilma e Bolsonaro só foram eleitos no segundo turno. Por ser autoritário, Bolsonaro entendeu a vitória como um cheque em branco. Por democratas, Lula, Dilma e Fernando Henrique, não.
A eleição deste ano não será uma eleição normal porque o presidente que aspira a um novo mandato não é um presidente normal. Nenhum dos seus antecessores conspirou contra a democracia restabelecida no país depois de 21 anos de ditadura militar; Bolsonaro não só conspira como quer derrubá-la.
O discurso do ódio e da destruição do que ele chama de “sistema” está na boca de quem? Qual foi o presidente que mais tencionou o país de 1985 para cá? Qual foi o único que recomendou às pessoas que se armassem? Qual foi o que menos demonstrou empatia pelos que sofrem? Qual foi o que mais desvalorizou a vida alheia?
Os preparativos do golpe avançam e podem ser vistos por quem tem olhos para ver e preza a democracia. Serão maiores as chances de o golpe frustrar-se se qualquer outro dos candidatos for eleito no primeiro turno com uma maioria confortável de votos. Quanto mais expressiva for sua vitória, menor será o risco de golpe.
Ora, direis: pede votos para Lula? Respondo: não. Sugiro que se eleja um presidente no primeiro turno, qualquer um, menos Bolsonaro. Há nomes dignos de serem votados. Em todas as eleições há nomes dignos. Não venha depois com a desculpa de que só havia de fato dois nomes e que foi uma escolha difícil.
Pelo que fez ou deixou de fazer, pelo que é, pelo que sempre foi e representa, Bolsonaro não merece ser reeleito.