Mas não. Bolsonaro preferiu convocar seus devotos para manifestações contra a Justiça sob o disfarce de atos em defesa da liberdade de expressão. Colheu o que plantou.
Em Brasília, limitou-se a passear por 10 minutos entre os poucos que atenderam ao seu apelo, aninhando-se em frente ao prédio do Congresso. Saudou-os por meio das redes sociais:
“Quero cumprimentar o pessoal que está aqui na manifestação pacífica em defesa da Constituição, da democracia e da liberdade. Então, parabéns a todos de Brasília e aos manifestantes de todo o Brasil, que hoje estarão nas ruas”.
Não viajou a São Paulo para juntar-se aos que ocuparam trechos da Avenida Paulista. Tentou falar-lhes ao vivo, mas a internet caiu mais de uma vez. O que deu para ouvir com clareza:
“[Dever de] lealdade a todos vocês“; “onde vocês estiverem”; “liberdade”; “acredita em Deus”; “respeita os militares, defende a família e deve lealdade a seu povo”; “o bem sempre vence o mal”; “Deus, pátria e família”.
Se o bem sempre vencesse o mal, como também disse em Brasília o general Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional, quem retardou a compra de vacinas contra a Covid-19 e prescreveu cloroquina para o combate a “gripezinha” não teria sido eleito.
Desta vez, os ministros da área política do governo derrotaram Bolsonaro, convencendo-o a ser moderado para baixar o fogo que ele ateou em suas relações com o Supremo Tribunal Federal e o Tribunal Superior Eleitoral, alvo dos seus ataques.
Jairzinho Paz e Amor fez uma breve aparição. Nem por isso escapou às críticas do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), que o censurou sem meias-palavras:
“Manifestações populares são expressão da vitalidade da Democracia. Um direito sagrado, que não pode ser frustrnão as instituições. O 1º de Maio sempre foi marcado por posições e reivindicações dos trabalhado, agrade ou adores brasileiros.”
“Mas manifestações ilegítimas e antidemocráticas, como as de intervenção militar e fechamento do STF, além de pretenderem ofuscar a essência da data, são anomalias graves que não cabem em tempo algum”.
Pacheco não citou o nome do presidente, mas não precisava. Embora de dimensões modestas, as “manifestações ilegítimas e antidemocráticas” que marcaram, este ano, o 1º de Maio em 26 capitais não teriam acontecido sem o patrocínio de Bolsonaro.
A pouca gente reunida pelas centrais sindicais para celebrar a data São Paulo deu a Lula a oportunidade de pedir desculpas aos policiais. Ele os havia ofendido ao dizer há quatro dias que Bolsonaro não gosta de gente, mas de policias.
Lula explicou que quis dizer “milícias”, e que na hora confundiu-se. O que mais Lula falou no 1º de Maio não trouxe novidades. A ocasião serviu para que ele ensaiasse alguns passos como baterista. Por aí não fará sucesso.
O nome do festival já tem. Agora falta o nome da banda.